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BNDES financiará investimentos brasileiros no exterior

Por Agencia Estado
Atualização:

A Marcopolo, um dos maiores fabricantes de carrocerias do País, deverá fazer parte do projeto-piloto da nova linha de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para investimentos de empresas brasileiras no exterior. Outras duas empresas, cujos nomes não foram divulgados, também estão discutindo com o banco projetos ligados à nova linha, que deverá, finalmente, sair do papel neste mês. "Até agora já conversamos com duas ou três empresas. A Marcopolo é uma delas e provavelmente vai ser o piloto", disse ao Estado o diretor de produtos de exportação do BNDES, Isac Zagury. A linha para projetos internacionais, um projeto antigo dentro do banco, foi anunciada em novembro pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral, durante encontro anual de exportadores, mas até hoje não começou a funcionar. Na semana passada, o presidente do BNDES, Eleazar de Carvalho Filho, havia informado que a nova linha para financiamento de empresas brasileiras no exterior deve ser aprovada pela direção do banco semana que vem. Trata-se, na prática, de uma iniciativa inédita, já que o banco não opera ainda com investimentos fora do País. Segundo Zagury, a nova linha não deverá nascer com um grande orçamento pré-definido, mas funcionará num formato que chamou de "taylor made" (?sob medida?). "Não deverá haver muitas empresas e a análise vai ser mais caso a caso", disse Zagury, citando que não são muitas as empresas brasileiras que podem se internacionalizar. Os recursos para a nova linha serão captados no exterior e o custo será a variação da cesta de moedas estrangeiras usada pelo banco, mais uma taxa, ainda a ser definida. A Marcopolo já tem elevado grau de atuação no exterior, comparado à média das empresas nacionais. O diretor de relação com investidores da Marcopolo, Carlos Zignani, reconhece que a empresa já trilha o caminho do exterior, mas pretende crescer ainda mais nesta direção. Preferiu não revelar o principal alvo de investimento. Mas citou que interessam à empresa, principalmente, países com alta densidade populacional e baixo poder aquisitivo, justamente os que mais demandam transporte de massa em ônibus. Algumas oportunidades, por exemplo, estão em mercados da Europa, Oriente Médio, Índia e China, no qual a companhia já montou uma aliança estratégica com a empresa italiana Iveco. A Marcopolo tem linhas de montagem na Colômbia, México, Portugal, África do Sul e Argentina (esta paralisada desde dezembro), além das unidades brasileiras. Para avançar no exterior e em novos mercados, a empresa precisa investir em estruturas de acabamentos, comercialização, assistência técnica e pós-venda. Apesar do interesse da empresa sediada no Rio Grande do Sul, pesquisa da Fundação Centro de Estudos em Comércio Exterior (Funcex) mostra que poucas empresas brasileiras tem unidades no exterior (17% do total pesquisado) e que a maior parte simplesmente não quer se internacionalizar. Ainda assim, um terço das companhias pesquisadas demonstrou interesse em avançar no mercado internacional. Dentre as que pretendem investir, as prioridades são abrir escritórios (42,6%), distribuição (23,3%) e unidades fabris (7,8%).

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