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BNDES já vendeu R$ 65 bi em ações da meta de R$ 90 bi até 2022, diz diretor

Banco de fomento voltou a avaliar a possibilidade de vender seus papéis no frigorífico JBS

Por Vinicius Neder
Atualização:

RIO - Adiantado na meta de vender em torno de R$ 90 bilhões da sua carteira de participações acionárias até o fim de 2022, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) voltou a avaliar a possibilidade vender suas ações no frigorífico JBS, afirmou nesta quarta-feira, 28, o diretor de Privatizações da instituição de fomento, Leonardo Cabral. 

Embora tenha dito que os papéis da JBS são um “bom candidato” para venda nos “próximos meses”, Cabral frisou que não há decisão tomada sobre o assunto. As ações da companhia elétrica Copel seguem em primeiro lugar na fila de vendas, enquanto papéis da Petrobrás e da Eletrobrás deverão ficar para depois. O banco já vendeu R$ 65 bilhões da meta prevista até 2022. 

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Foto: Sergio Moraes/Reuters

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“Voltamos a reavaliar se seria um bom momento de realizar o desinvestimento em JBS. É um bom candidato para os próximos meses”, afirmou Cabral, em transmissão ao vivo pela internet promovida pelo jornal Valor Econômico. O executivo frisou que, quando o banco tomar decisão sobre eventual venda de ações do JBS, comunicará ao mercado.

Em relação à fatia de 24% no capital da Copel, o BNDES fará uma oferta pública. Segundo Cabral, a operação está em “fase final de preparação”, faltando apenas “finalizar os documentos” e dependendo do mercado. “Havendo mercado para essa oferta, vamos acessar”, afirmou o diretor do BNDES.

Segundo Cabral, não há pressão para acelerar meta de vender em torno de R$ 90 bilhões em ações detidas pelo BNDES até o fim de 2022. O cronograma foi definido em 2019, quando a atual diretoria assumiu e estabeleceu a meta de cortar em cerca de 80% o tamanho da carteira de participações acionárias - na época, estava em aproximadamente R$ 120 bilhões, conforme Cabral.

Sem pressão para acelerar a venda dos R$ 25 bilhões restantes, o banco deverá manter a postura de “retirar o pé” sempre que há “pressão negativa” sobre as cotações das ações, seja por questões gerais do mercado seja por situações pontuais de cada companhia.

Por isso, a venda das ações da JBS, que já esteve nas primeiras posições da fila, ainda em 2019, foi adiada, após as cotações serem “penalizadas”, lembrou Cabral. Agora, as cotações dos papéis do frigorífico voltaram “à casa de R$ 35,00”, afirmou o diretor, dando a entender que o valor atual seria mais adequado para vender.

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O sentido aposto, as ações da Petrobrás estão cotadas atualmente em torno de R$ 23, abaixo dos cerca de R$ 30 conseguidos pelo BNDES na megaoferta de R$ 22,5 bilhões, em fevereiro do ano passado, antes da covid-19 se espalhar pelo mundo. Segundo Cabral, o valor obtido na operação de 2020 é um “bom parâmetro” para futuras decisões de venda sobre a participação remanescente do banco na petroleira estatal.

“Sempre fazemos a análise e tomamos a decisão de vender no momento correto, tanto para o BNDES quanto para o mercado”, afirmou Cabral, ao comentar a estratégia de venda como um todo. Comentando o caso específico da Petrobrás, o diretor afirmou: “A ação foi penalizada recentemente, está na casa de R$ 23,00. Não entendemos como bom momento para colocar mais ação no mercado. Na Petrobrás, a ideia é recuar e esperar o momento adequado”.

A venda da fatia do BNDES na holding estatal do setor elétrico Eletrobrás ficará para depois da privatização da companhia. O próprio banco de fomento trabalha no desenho de uma operação de capitalização da estatal, que deverá ser realizada no fim deste ano ou início de 2022, segundo Cabral. O processo depende de autorização em lei e há uma discussão no Congresso Nacional sobre o tema.

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