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BNDES pode adiar venda de ações em participações

Por Agencia Estado
Atualização:

As turbulências no mercado financeiro poderão afetar todas as vendas de ações programadas para este ano pelo BNDES, incluindo as do Banco do Brasil e da Votorantim Celulose e Papel (VCP). O presidente do BNDES, Eleazar de Carvalho Filho, disse à Agência Estado não estar vendo nos pedidos de financiamento para investimentos de longo prazo a partir de 2003 o mesmo medo do mercado financeiro de uma eventual vitória da oposição nas eleições presidenciais. "Até abril, as consultas e desembolsos têm números bem superiores este ano aos do mesmo período do ano passado. E em maio não foi diferente", disse Eleazar. "Há certamente incerteza sobre uma eventual mudança de governo e é natural haver, mas quem tem investimentos (de longo prazo, financiados pelo BNDES) em curso não tem como parar. É da natureza do tipo de investimento com que o BNDES trabalha". Já quando perguntado especificamente sobre os efeitos dessas turbulências no mercado financeiro sobre a venda de ações do Banco do Brasil e da VCP, o presidente do BNDES respondeu: "Fica tudo dependendo do timing do mercado de capitais, o Banco do Brasil, a VCP e todas as outras operações desse tipo, como o fundo de carteira de ações, um projeto do ano passado", referindo-se ao plano de vender cotas de um fundo a ser criado formado por ações em poder da empresa de participações do BNDES, a BNDESPar. O pedido de autorização para a venda de ações da VCP no Brasil e no exterior feito à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) foi anunciado na quarta-feira. Eleazar confirmou que a oferta da VCP poderá estar associada a uma operação de debêntures conversíveis (dívidas transformadas em ações), "mas isso não está certo porque a forma dependerá das condições de mercado e a quantidade a ser vendida também". Ele declarou que o BNDES vai "esperar o momento adequado para essas operações porque, do contrário, teríamos de sacrificar preço e não vamos fazer isso". As declarações foram dadas em entrevista à Agência Estado no início da noite de quinta-feira, pouco antes de o presidente do BNDES participar da reunião do Conselho de Administração da Petrobrás que decidiu lançar títulos e ações no valor total de até US$ 1,5 bilhão, de preferência no terceiro trimestre deste ano, com a ressalva de que isso depende das condições de mercado. Hoje, porém, quando procurado pela Agência Estado para esclarecer se essas afirmações não são contraditórias com a decisão do Conselho de Administração da Petrobrás de que a operação deve ser feita no terceiro trimestre, Eleazar disse que "não estava falando em cronograma" quando deu as declarações na noite anterior. Ele não quis comentar a operação da Petrobrás. Disse que não pode falar especificamente de nenhuma operação e que anteriormente estava se referindo "às operações em curso", de maneira genérica. O presidente do BNDES não negou as declarações feitas na véspera. Ele disse ainda que "a volatilidade existe e tem de ser olhada mais de perto, mas a turbulência é algo bem passageiro e isso será dissipado".

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