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BNDES pode assumir controle da Eletropaulo

Por Agencia Estado
Atualização:

O conturbado processo de reestruturação da dívida da americana AES com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), poderá ter um desfecho nesta quarta-feira, quando completam 90 dias de atraso de um débito de US$ 85 milhões não pagos em janeiro pela empresa. E o resultado pode ser dramático. Como as garantias do empréstimo são as ações ordinárias da Eletropaulo, o banco estatal poderá tomar o controle da maior distribuidora da América Latina, que voltaria para o Estado. Durante esses 90 dias, desde a declaração de moratória pela empresa, muito se falou e pouco se concluiu. Além do governo federal brasileiro, as negociações envolveram até mesmo a Casa Branca. Em visita ao Brasil, no final de março, o secretário-adjunto de Comércio dos Estados Unidos, Willian Lash declarou que o problema da empresa se devia principalmente ao calote de Estados e municípios, que deixaram de repassar cerca de US$ 300 milhões aos cofres da distribuidora. Apesar do silêncio que envolve as negociações entre BNDES e AES, várias propostas já surgiram no mercado, como a entrega de ativos importantes da empresa americana: a termoelétrica de Uruguaiana e a distribuidora AES Sul. O ativo mais saudável da companhia, a AES Tietê, no entanto, nunca foi incluído nas negociações pelo grupo americano. Mas para o BNDES, as propostas não se mostraram atrativas. Na semana passada, rumores indicavam que o banco estatal já estava em negociações avançadas com a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) para realizar um leilão de venda das ações da Eletropaulo. Ou seja, a conclusão seria a execução das garantias do empréstimo concedido pelo BNDES para a compra da distribuidora paulista. Contudo, isso também significaria que o banco herdaria um rol de dívidas da Eletropaulo. Na quinta-feira, por exemplo, a distribuidora anunciou ao mercado que havia deixado de efetuar um pagamento de US$ 25 milhões referente a um empréstimo com um sindicato de banco, liderado pelo Bankboston. A concessionária tem cerca de US$ 500 milhões vencendo apenas neste ano. Se o BNDES arcar com os prejuízos, terá uma redução de cerca de R$ 3,3 bilhões no patrimônio em relação a 2002, que caíria de R$ 18,5 bilhões para R$ 15,2 bilhões. Essa é a referência do banco para calcular qual o volume máximo de crédito e investimentos permitidos para a instituição ter em estoque. Em abril, o presidente do BNDES, Carlos Lessa, afirmou que um refinanciamento da dívida estava descartado, pois prejudicaria novos projetos. No total, a AES deve ao BNDES cerca de US$ 1,2 bilhão. Deste total, US$ 527 milhões são devidos pela AES Elpa, controladora do capital votante da Eletropaulo. A AES Transgás, que detém as ações preferenciais da concessionária, tem uma dívida de US$ 604 milhões e está com o pagamento em atraso de US$ 336 milhões. Cemig Além das negociações em torno da dívida relacionada à compra da Eletropaulo, a AES também terá de começar a se preocupar com o vencimento de um outro débito: uma dívida também junto ao BNDES referente a compra de ações da Cemig, que vence em maio.

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