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BNDES precisa de capitalização urgente, diz diretor

Por Agencia Estado
Atualização:

O BNDES precisa de capitalização "urgente" para evitar sanções do Banco Central (BC) disse o diretor financeiro do banco, Roberto Timótheo da Costa. Segundo ele, o volume necessário seria de R$ 15 bilhões, sendo R$ 5 bilhões de imediato, em uma primeira etapa. "Se o banco fosse privado, as sanções já teriam ocorrido. Não quero dramatizar, é evidente que o BC não vai chegar a isso em relação ao BNDES, mas é uma situação complicada, que deixa o governo diante de dois pesos e de duas medidas, já que pela legislação, as sanções já deveriam ter sido tomadas", disse. Timótheo explicou que a falta de capitalização vem de muito tempo atrás. A última capitalização do banco ocorreu em 1983, e o aumento de alavancagem das operações dos últimos anos reduziu a relação do patrimônio líquido que está nas mãos dos acionistas frente ao patrimônio total do banco. "Desde que assumimos em janeiro, vínhamos alertando que o banco estava desenquadrado pelo acordo de Basiléia. Como não conseguimos diminuir o volume das operações, e nem é esta a nossa intenção, o banco precisa se capitalizar para continuar operando", disse. Ele afirmou que a operação com a AES ampliou o problema. Entre as alternativas que estão sendo estudadas para que o banco se capitalize está a troca de ações do BNDES por ações de empresas estatais, como as de Petrobras, da Companhia Vale do Rio Doce e do Banco do Brasil que estão nas mãos do Tesouro Nacional. "Numa operação de capitalização normal, chamaríamos o controlador do banco, que no caso é o Tesouro Nacional, e garantiríamos um aporte. Mas o Estado Nacional tem metas de superávit a serem cumpridas e se ele aportar recursos para o banco fica numa situação deficitária. Por isso precisamos de uma capitalização absolutamente criteriosa", disse. Segundo ele, o Tesouro pode abrir mão de ações de suas estatais sem perder o controle delas. "O BNDES deve dinheiro ao Tesouro e podemos transformar estes débitos em créditos fazendo a troca das ações que funcionam para o Tesouro como apenas um lastro". O diretor explicou que um dos principais problemas do banco é que algumas das operações que vêm sendo realizadas este ano, como o auxílio ao setor elétrico, estão sendo computados pelo BC como nova exposição do BNDES. "No nosso entendimento, na realidade, isso deveria ser classificado de outra maneira. São investimentos que o banco está fazendo como se fosse um braço operacional do governo, por determinação do governo. Em último caso, embora isso não seja contratual, se as empresas nos pagam, temos garantias de recebíveis do próprio Tesouro." Timótheo disse que a alternativa de troca de ações está sendo analisada pelo governo, mas ainda aguarda para a próxima semana uma posição final do secretário de Tesouro Nacional Joaquim Levy que está hoje em Washington.

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