O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai lançar uma linha pré-aprovada de crédito para médias e grandes empresas investirem na compra de máquinas e equipamentos. “É como um cheque especial que vamos deixar disponível para as empresas”, diz o presidente do banco de fomento, Dyogo Oliveira.
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Em entrevista ao Estadão/Broadcast, Oliveira afirma que esse modelo de oferta de crédito será uma marca do projeto de transformação estratégica da instituição que inclui 12 projetos que serão implementados até o final para mudar todos os procedimentos da análise do crédito e produtos oferecidos pelo banco.
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Depois de três meses no comando da instituição, Oliveira, que deixou o Ministério do Planejamento na reforma ministerial no início, apresentou ao presidente Michel Temer a proposta que deu aval ao projeto.
“O BNDES vai mudar de cara”, prevê ele. Pela primeira vez, o banco vai caçar os clientes. “Por incrível que pareça, o banco nunca deu um telefonema para uma empresa para oferecer uma linha de crédito”, diz. Segundo ele, será criada uma área especifica para “originação” de crédito. Para o presidente do BNDES, o banco não se comunica bem. Pesquisa de imagem mostrou que até mesmo grandes empresas têm pouco conhecimento do banco. Entre as pequenas, o desconhecimento é ainda maior. A orientação é reduzir os prazos e diversificar os recursos.
As operações indiretas de financiamento, realizadas via outros bancos, terão análise quase automática. Hoje, a análise pode durar até mesmo 180 dias. “Como essa operação não tem risco para o BNDES, o risco é do banco, vamos simplesmente fazer uma análise automática de conferência de dados e documentos”, explica Oliveira. O BNDES não precisará mais fazer um estudo detalhado e demorado – um trabalho que já é feito pelo banco parceiro. Em pouco tempo, afirma Oliveira, a nova linha deve se transformar na maior do banco. Ele será concedida para as empresas que já têm relacionamento permanente com o banco. Para definir os limites do crédito, será feita uma análise preliminar da empresa e a constituição das garantias.
Com isso, quando a empresa solicitar o crédito, mais de 90% da análise já estarão feitas. “A empresa só vai identificar o que quer comprar, o computador checa se o que ela quer comprar está na base de itens financiáveis e está aprovado”, explica. Não haverá restrição de volume para a linha. Segundo ele, o modelo diferente do cartão BNDES, uma modalidade para micro e pequenas empresas. Na avaliação, a linha não traz risco, porque as garantias já terão sido dadas previamente, diminuindo os riscos.
Nas operações diretas, o custo do crédito será a TLP mais o ganho do banco e o risco de crédito da empresa. No final, deve variar entre 10% e 11% ao ano, dependendo do risco da empresa. O banco está revisando todos os produtos, deixando de ter linhas de crédito com formato para cada setor aqui. Terá agora conforme o tipo de empresa. “O curioso é que, apesar de haver esses ‘programinhas’, no fundo eram linhas iguais porque não levavam em conta o estágio de desenvolvimento das empresas”, diz.
Para o presidente do BNDES, a decisão de bancar a elaboração dos projetos de infraestrutura será um “divisor de águas”. “O grande problema no Brasil não é achar recursos para financiar projetos. O problema é ter bons projetos de infraestrutura”, avalia ressaltando que o Brasil não tem projetos “de verdade”. O BNDES vai contratar empresas especializadas para cada setor para fazer o desenho detalhado dos projetos. “O banco tem e nunca exerceu isso plenamente, que é uma capacidade de coordenação dos investimentos”, diz.
Embraer. Sobre a união da Embraer com a Boeing para a criação de uma nova empresa, o presidente do BNDES disse que o acordo é muito benéfico para o País e para os acionistas da companhia brasileira. Segundo ele, as perspectivas da empresa sem esse acordo eram muito negativas após a compra da Bombardier pela Air Bus. O BNDES é acionista da Embraer. “Todo processo de negociação é dinâmico e a empresa listada em bolsa está submetida a regras severas sobre divulgação ao mercado de informações relevantes”, ressalta.