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BNDES terá 'cheque especial' para empresas, diz Dyogo Oliveira

Presidente do banco de fomento afirma que esse modelo de oferta de crédito será uma marca do projeto de transformação estratégica da instituição

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Por Adriana Fernandes
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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai lançar uma linha pré-aprovada de crédito para médias e grandes empresas investirem na compra de máquinas e equipamentos. “É como um cheque especial que vamos deixar disponível para as empresas”, diz o presidente do banco de fomento, Dyogo Oliveira.

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Em entrevista ao Estadão/Broadcast, Oliveira afirma que esse modelo de oferta de crédito será uma marca do projeto de transformação estratégica da instituição que inclui 12 projetos que serão implementados até o final para mudar todos os procedimentos da análise do crédito e produtos oferecidos pelo banco.

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“O BNDES vai mudar de cara”, prevê Dyogo Oliveira Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom|Agência Brasil

Depois de três meses no comando da instituição, Oliveira, que deixou o Ministério do Planejamento na reforma ministerial no início, apresentou ao presidente Michel Temer a proposta que deu aval ao projeto.

“O BNDES vai mudar de cara”, prevê ele. Pela primeira vez, o banco vai caçar os clientes. “Por incrível que pareça, o banco nunca deu um telefonema para uma empresa para oferecer uma linha de crédito”, diz. Segundo ele, será criada uma área especifica para “originação” de crédito. Para o presidente do BNDES, o banco não se comunica bem. Pesquisa de imagem mostrou que até mesmo grandes empresas têm pouco conhecimento do banco. Entre as pequenas, o desconhecimento é ainda maior. A orientação é reduzir os prazos e diversificar os recursos.

As operações indiretas de financiamento, realizadas via outros bancos, terão análise quase automática. Hoje, a análise pode durar até mesmo 180 dias. “Como essa operação não tem risco para o BNDES, o risco é do banco, vamos simplesmente fazer uma análise automática de conferência de dados e documentos”, explica Oliveira. O BNDES não precisará mais fazer um estudo detalhado e demorado – um trabalho que já é feito pelo banco parceiro. Em pouco tempo, afirma Oliveira, a nova linha deve se transformar na maior do banco. Ele será concedida para as empresas que já têm relacionamento permanente com o banco. Para definir os limites do crédito, será feita uma análise preliminar da empresa e a constituição das garantias.

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Com isso, quando a empresa solicitar o crédito, mais de 90% da análise já estarão feitas. “A empresa só vai identificar o que quer comprar, o computador checa se o que ela quer comprar está na base de itens financiáveis e está aprovado”, explica. Não haverá restrição de volume para a linha. Segundo ele, o modelo diferente do cartão BNDES, uma modalidade para micro e pequenas empresas. Na avaliação, a linha não traz risco, porque as garantias já terão sido dadas previamente, diminuindo os riscos. 

Nas operações diretas, o custo do crédito será a TLP mais o ganho do banco e o risco de crédito da empresa. No final, deve variar entre 10% e 11% ao ano, dependendo do risco da empresa. O banco está revisando todos os produtos, deixando de ter linhas de crédito com formato para cada setor aqui. Terá agora conforme o tipo de empresa. “O curioso é que, apesar de haver esses ‘programinhas’, no fundo eram linhas iguais porque não levavam em conta o estágio de desenvolvimento das empresas”, diz.

Para o presidente do BNDES, a decisão de bancar a elaboração dos projetos de infraestrutura será um “divisor de águas”. “O grande problema no Brasil não é achar recursos para financiar projetos. O problema é ter bons projetos de infraestrutura”, avalia ressaltando que o Brasil não tem projetos “de verdade”. O BNDES vai contratar empresas especializadas para cada setor para fazer o desenho detalhado dos projetos. “O banco tem e nunca exerceu isso plenamente, que é uma capacidade de coordenação dos investimentos”, diz.

Embraer. Sobre a união da Embraer com a Boeing para a criação de uma nova empresa, o presidente do BNDES disse que o acordo é muito benéfico para o País e para os acionistas da companhia brasileira. Segundo ele, as perspectivas da empresa sem esse acordo eram muito negativas após a compra da Bombardier pela Air Bus. O BNDES é acionista da Embraer. “Todo processo de negociação é dinâmico e a empresa listada em bolsa está submetida a regras severas sobre divulgação ao mercado de informações relevantes”, ressalta.

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