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BNDES vai usar crédito na proteção ambiental

Cobrança de juros poderá ser diferenciada de acordo com comprometimento dos projetos

Por Daniele Carvalho e RIO
Atualização:

A possibilidade de oferecer taxas de juros diferenciadas para empresas com maior grau de responsabilidade ambiental e o desenvolvimento de produtos financeiros verdes são alguns dos objetivos da reestruturação da área de meio ambiente no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A nova modelagem de operação ganhou forma há cerca de dois meses, quando o departamento de meio ambiente - antes na área de Planejamento - passou a atuar com autonomia, com status de área. "Quem conhece bem o BNDES sabe o quanto é difícil criar uma nova área em sua estrutura", destaca o diretor de Mercado de Capitais, Meio Ambiente e Capital Empreendedor do BNDES, Eduardo Rath Fingerl. Para tocar as novas atribuições, definidas no fim do ano passado, que vão da padronização de exigências ao desenvolvimento de produtos financeiros para o setor, a equipe, antes com 15 pessoas, teve seu contingente multiplicado por cinco. Uma das frentes tem por objetivo aprimorar e padronizar as exigências para liberação de crédito, o que, no futuro, poderia permitir cobrança diferenciada de taxas de juros de acordo com o comprometimento socioambiental dos projetos. Para esse aprimoramento, o BNDES vai produzir 68 manuais setoriais, que servirão de referência para as exigências a serem cumpridas pelas empresas. "A partir deste manual, as exigências do banco serão muito mais criteriosas e específicas", acrescenta o superintendente da área de Meio Ambiente, Sérgio Werguelin. Os três primeiros guias a serem entregues aos técnicos do banco serão voltados aos setores sucroalcooleiro, pecuária e cultivo de soja, três atividades apontadas como as mais danosas ao meio ambiente. "As análises para enquadramento continuarão a ser feitas pela equipe da área de Planejamento, mas poderemos prestar consultoria se necessário", diz Fingerl. Outra vertente da nova área cuidará da criação de dois fundos de private equity (capital privado), para incentivar projetos que gerem créditos de carbono. "Cada fundo receberá R$ 100 milhões do BNDES. Foram escolhidos dois gestores com experiência nesta área - BRZ, do grupo GP Investimentos, e La Tour Capital -, que terão de formar fundos de, no mínimo, R$ 250 milhões, e, no máximo, R$ 400 milhões", diz Werguelin. O terceiro braço de atuação da nova área cuidará da gestão do Fundo Amazônia, iniciativa do governo cujo objetivo é reduzir o desmatamento. O primeiro aporte, de US$ 100 milhões, foi feito pelo governo da Noruega, que se comprometeu em desembolsar até US$ 1 bilhão. "O banco foi eleito gestor do fundo e pode investir até 20% em biomas fora do País. A ideia é buscar outros investidores, públicos ou privados. Se tudo der certo, podemos nos tornar o segundo maior fundo ambiental do mundo, atrás apenas da instituição liderada pelo Bill Gates, que tem recursos de US$ 30 bilhões", aposta Werguelin.

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