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Boi Gordo pode ter proposta para troca de títulos

A empresa Boi Gordo analisa a possibilidade de troca de suas dívidas por ações ordinárias da empresa. A iniciativa depende de autorização da Justiça. Investidores devem avaliar os riscos.

Por Agencia Estado
Atualização:

A Fazendas Reunidas Boi Gordo S. A. reuniu-se com alguns investidores ontem, em São Paulo, para analisar a criação de uma holding com o objetivo de trocar os créditos - que hoje estão vinculados ao processo de concordata em Comodoro (MT) - por ações ordinárias de uma nova empresa a ser criada: a Global Pecuária. Com isso, os credores que aderissem a este acordo abririam mão dos valores a serem recebidos no processo de concordata e se tornariam acionistas desta nova empresa. Ou seja, trocariam Certificados de Investimento Coletivo (CICs) da Boi Gordo por ações com direito a voto. Para que esta iniciativa seja posta em prática, é preciso primeiro obter autorização do juiz que analisa o processo da concordata, em Comodoro. Porém, neste momento, o processo encontra-se suspenso à espera de uma definição sobre o juízo competente da ação. Há controvérsias entre os municípios de Comodoro - onde se encontra a concordata atualmente - e São Paulo, onde está 80% dos credores (veja detalhes no link abaixo). De acordo com a advogada Márcia Giangiacomo Bonilha, do escritório Freitas e Rodrigues Advogados, juiz e promotor devem analisar se os critérios para a criação da holding não prejudicam o processo de concordata em detrimento de outros credores. A troca de CICs por ações com a criação de uma nova empresa é considerada legal, diz. "No entanto, é preciso verificar se é legítima. Ou seja, se não houve tratamento desigual entre os investidores, como privilégios de alguns em detrimento de outros, e se não houve nenhum indício de fraude neste negócio. Não se pode mexer nos ativos da Boi Gordo, por exemplo." Vantagens e desvantagens da proposta Para o advogado e presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Seção São Paulo, Nelson Miyahara, a proposta de troca de títulos por ações é uma forma que a empresa encontrou para sair da concordata, já que os resgates dos investidores que aderirem à troca deixam de fazer parte do passivo da empresa. "Neste caso, estes investidores passam a ser sócios da empresa", afirma. Mas ele não acredita em uma adesão muito significativa por parte dos investidores, pois os números contábeis da empresa demonstram uma fragilidade muito grande. "No balanço de maio de 2001, o passivo era superior ao ativo da empresa em R$ 222,804 milhões. Ou seja, a adesão significa que o investidor está assumindo a sociedade com patrimônio negativo", avalia Miyahara. A advogada Márcia Giangiacomo alerta que o investidor deve avaliar o volume de investimentos transferidos da concordata para a holding. "O investidor deve analisar o valor dos créditos daqueles que estão trocando seus investimentos por ações e quanto isso vai melhorar a situação dos que ficarem na concordata." Ou seja, quanto maior o volume de transferência de créditos, menor a dívida da Boi Gordo no processo. Em conseqüência disso, maiores as chances da empresa cumprir com os termos da concordata, recuperar suas finanças e pagar os credores que permanecerem na ação como investidores, e não como sócios. Investidores Carlos Roberto Manhani é um dos investidores da Boi Gordo. Ele não revela qual o valor da sua aplicação, mas não se considera um dos grandes investidores da empresa. "Ainda não há um plano definitivo para a troca, mas apenas uma idéia, que pode evoluir de forma gradativa, planejada e transparente e, se possível, com o auxílio do Judiciário", afirma. O investidor diz que, se no final deste planejamento, a troca dos títulos por ações fosse o melhor caminho, ele aceitaria fazer a troca pois acredita que a empresa dificilmente sairia da concordata, dados os resultados da empresa. Ingo Hoffmann, outro investidor da Boi Gordo, que no total de seus CICs possui 6 mil arrobas, pretende aderir à troca de seus títulos por ações. "Independentemente dos números contábeis da empresa, existe uma parceria forte que já dura sete anos. Além disso, não há alternativa. É melhor saída a troca do que o pedido de falência, que alguns investidores estão pedindo", diz. Veja mais informações sobre o caso Boi Gordo nos links abaixo.

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