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Boletim Focus: Mercado financeiro reduz projeção para o PIB de 2021

Piora mais ampla nas expectativas de crescimento ocorre depois das manobras propostas pelo governo no teto de gastos para bancar o aumento do Bolsa Família a R$ 400

Foto do author Thaís Barcellos
Por Thaís Barcellos (Broadcast)
Atualização:

O Relatório de Mercado Focus divulgado na manhã desta segunda-feira, 25, mostrou nova redução na previsão do mercado financeiro para a mediana para Produto Interno Bruto (PIB) de 2021 de 5,01% para 4,97%. Há quatro semanas, estava em 5,04%. Para 2022, a previsão de expansão do PIB passou de 1,50% para 1,40%. Quatro semanas atrás, estava em 1,57%.

Considerando apenas as 62 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2021 passou de 5,00% para 4,94%. Para 2022, foram feitas 60 atualizações nos últimos cinco dias, com a estimativa recuando de 1,40% para 1,33%. 

Banco Central Foto: Antonio Cruz/Estadão

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Para 2023, a projeção de crescimento cedeu de 2,10% para 2,00%, de 2,20% há um mês. Já para 2024, a estimativa passou de 2,50% para 2,25%, ante 2,50% de quatro semanas atrás.

A piora mais ampla nas expectativas de crescimento ocorre depois das manobras propostas pelo governo no teto de gastos para bancar o aumento do Bolsa Família a R$ 400. Na semana passada, diversas instituições alteraram seus cenários prevendo deterioração econômica devido à perda de credibilidade da âncora fiscal.

O Banco Central deixou de publicar, no documento do Focus, as projeções para a produção industrial, devido à pouca quantidade de respostas para esse indicador.

Selic mais alta 

Depois das manobras propostas pelo governo no teto de gastos para bancar o aumento do Bolsa Família a R$ 400, as instituições passaram a prever aceleração no ritmo de alta da Selic (a taxa básica da economia) e níveis mais altos no fim de 2021 e 2022, segundo o Relatório de Mercado Focus, prevendo uma deterioração econômica devido à perda de credibilidade da âncora fiscal.

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Para este ano, a estimativa subiu de 8,25% para 8,75%, o que supõe uma aceleração no passo de alta de juros, até setembro em 1 ponto porcentual, ainda este ano. Há um mês, a mediana era de 8,25%. Já a estimativa para o fim de 2022 passou de 8,75% para 9,50%, uma das mudanças mais bruscas da história da pesquisa de uma semana para a outra. Há quatro semanas, estava em 8,50%.

Considerando apenas as 97 respostas nos últimos cinco dias úteis, a expectativa para a Selic no fim de 2021 passou de 8,25% para 8,75%. Já para 2022, a mediana passou de 8,88% para 9,75%, considerando as 96 atualizações dos últimos cinco dias úteis.

A estimativa para a taxa Selic no fim de 2023 passou de 6,50% para 7,00%, de 6,75% há quatro semanas. Para 2024, continuou em 6,50%, como há um mês.

Em setembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) subiu pela quinta vez consecutiva a Selic e manteve o ritmo ao elevá-la em 1,00 ponto porcentual, para 6,25% ao ano. Ao mesmo tempo, o colegiado sinalizou um novo aumento de mesma magnitude para a próxima reunião, nos dias 26 e 27 de outubro.

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Após as primeiras sinalizações do governo de flexibilização fiscal e antes do início do período de silêncio, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk sinalizou que um maior risco fiscal significaria uma política monetária mais apertada. Também disse que o BC avaliaria, como fez no Copom anterior, se o nível final de juros seria suficiente para convergência da inflação à meta em 2022 ou se seria necessário aumentar o ritmo de alta também.

Disparada da inflação deve continuar 

Após as manobras propostas pelo governo no teto de gastos para bancar o aumento do Bolsa Família a R$ 400, a projeção do mercado financeiro para a inflação em 2021 e 2022 piorou significativamente e também já começaram a aparecer sinais de desancoragem mais ampla, com as estimativas para 2023 e 2024 também superando o centro das metas estabelecidas.

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A estimativa mediana para 2021 saltou 0,27 ponto porcentual, de 8,69% para 8,96%, a 29ª alta consecutiva, conforme o Relatório Focus, cada vez mais distante do teto da meta (5,25%) a ser perseguida pelo Banco Central (BC). Há um mês, estava em 8,45%. A projeção para o índice em 2022, foco do BC, também continuou subindo, de 4,18% para 4,40%, 14º aumento seguido. Quatro semanas atrás, estava em 4,12%.

Considerando as 104 respostas nos últimos cinco dias úteis, a projeção para o IPCA de 2021 passou de 8,79% para 9,05%, indicando que a tendência é de alta. Para 2022, também foram feitas 104 atualizações nos últimos cinco dias, com a estimativa variando de 4,22% para 4,50% - mais próximo do teto da meta (5,00%) do que do centro (3,50%).

O relatório Focus trouxe ainda a expectativa para o IPCA em 2023, que subiu de 3,25% para 3,27%. No caso de 2024, a previsão passou de 3,00% para 3,02%. Há quatro semanas, essas projeções eram de 3,25% e 3,00%, respectivamente.

A meta para 2023 é de inflação de 3,25%, com margem de 1,5 ponto (de 1,75% a 4,75%). Já para 2024 o objetivo é de 3,00%, com margem de 1,5 ponto (de 1,5% para 4,5%).

O BC deixou de publicar, no documento do Focus, as projeções sobre o Top 5. Estes dados podem ser consultados no Sistema de Expectativas de Mercado.