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Bolha imobiliária dos EUA está estourando, diz economista

Segundo Stephen Roach, do banco Morgan Stanley, isso aumentou o risco de uma recessão econômica nos Estados Unidos e no mundo

Por Agencia Estado
Atualização:

O economista-chefe do banco Morgan Stanley, Stephen Roach, alertou nesta sexta-feira que a "bolha imobiliária nos Estados Unidos está finalmente estourando". Com isso, aumentou o risco de uma recessão econômica nos Estados Unidos e no mundo. "Há cinco anos e meio a bolha acionária estourou", disse Roach. "Em seis meses, a economia dos Estados Unidos entrou numa recessão moderada, e a economia global rapidamente seguiu esse curso." Roach, que havia abandonado recentemente seu notório pessimismo com as perspectivas da economia mundial, acredita que dessa vez poderá acontecer o mesmo. Ele observou que todas bolhas de ativos são parecidas. "Como sempre, o fôlego de uma bolha especulativa dura mais do que você pensa", disse. "Mas quando ela finalmente se rompe, invariavelmente tem um impacto maior do que era antecipado." Isso, segundo ele, parece ser justamente o que está acontecendo no mercado imobiliário norte-americano. "A demanda por casas está caindo como uma pedra e os estoques de imóveis não vendidos está inchando - até 40% para os imóveis usados e 22% para os novos nos doze meses encerrados em julho", explicou. Ele observa que o setor de construção, responsável por cerca de 0,50 ponto percentual do crescimento do PIB dos Estados Unidos em cada um dos últimos três anos, é o último a ser penalizado nesse processo de desaquecimento do setor imobiliário. "A queda nesse segmento está destinada a subtrair um ponto percentual por ano do PIB nos próximos dois anos, uma redução de 1,5 ponto percentual do crescimento dos Estados Unidos." Além disso, acrescentou Roach, a crise imobiliária terá um impacto negativo direto sobre os consumidores. Ele calcula que desde 2001 a valorização dos imóveis elevou em 0,5 ponto percentual por ano o total da demanda dos consumidores. "No total, o impacto do estouro da bolha poderia cortar pelo menos dois pontos percentuais do total do crescimento do PIB." Parceiros comerciais O impacto sobre a economia mundial também deverá ser relevante. Ele observa que em 2000, quando a bolha acionária estourou, a brecha entre os superávits em conta correntes e déficits representavam menos de 4% do PIB mundial. Neste ano, esse número deve ficar em torno de 6%. "A disparidade entre superávits e déficits em conta corrente - e o fato de que os Estados Unidos são responsáveis por 70% dos déficits no mundo - mostra a crescente dependência do resto do mundo na economia norte-americana", disse. "Por causa dessa razão, apenas, um estouro da bolha imobiliária traz igualmente sérios riscos para os principais parceiros comerciais dos Estados Unidos e para o resto de uma economia global cada vez mais integrada." Segundo Roach, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) foi um dos principais responsáveis pela situação atual, pois injetou liquidez na economia norte-americana com a redução dos juros após a bolha acionária em 2001. "A bolha imobiliária foi um desdobramento direto da estratégia defensiva do Fed após a bolha acionária", disse. "E agora os Estados Unidos, como também a economia mundial centrada nos Estados Unidos, precisa lidar com o que seu banco central criou: mais uma chacoalhada pós-bolha."

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