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Bolívia e Brasil estudarão novo reajuste do gás natural

Assunto voltará a ser discutido em fevereiro durante reunião no Rio

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente boliviano Evo Morales tanto pressionou que conseguiu arrancar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva o compromisso de estudar uma proposta de reajuste do gás natural importado pelo Brasil. O assunto voltará a ser discutido no dia 14 de fevereiro, quando representantes dos dois países se reúnem no Rio para avaliar projetos de integração energética e parcerias nos setores de meio ambiente, crédito e agropecuária, entre outros. Morales chegou ao Brasil decidido a discutir o tema com Lula. Já na quarta-feira, o Ministério dos Hidrocarbonetos da Bolívia afirmava que uma reunião sobre o assunto ocorreria no dia seguinte, informação não confirmada pelo governo brasileiro. Sem conseguir um encontro, Morales aproveitou seu discurso durante a reunião dos presidentes do bloco para cobrar uma posição. "Quero dizer ao presidente Lula que não é possível que a Bolívia siga subvencionando o preço do gás ao Brasil. Queremos um preço justo", afirmou. Os bolivianos esperavam se encontrar com o presidente ainda na quinta-feira, mas a agenda de Lula previa encontros bilaterais apenas com os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, da Argentina, Nestor Kirchner, e da Colômbia, Álvaro Uribe. Na quinta-feira à tarde, o ministro dos Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas, esperava conseguir um encontro à noite, durante jantar no Palácio do Itamaraty. Villegas chegou a dizer que "poderia tomar uma medida unilateral", mas preferia uma solução negociada. O encontro entre Lula e Morales, porém, só aconteceu após o encerramento da Cúpula do Mercosul. Na saída do evento, por volta das 16h, Lula confirmou a conversa com o presidente da Bolívia e informou que pedirá a técnicos do governo para estudar uma proposta para ser apresentada na reunião do dia 14. Morales não conversou com a imprensa. De manhã, ele havia dito que teria um papel político nas negociações, que são conduzidas, na prática, por grupos técnicos dos dois países. O presidente boliviano reclamou bastante do contrato de venda de gás para a térmica de Cuiabá, empreendimento conjunto entre a anglo-holandesa Shell e a americana Enron. Segundo ele, o preço de venda do combustível, US$ 1,09 por milhão de BTU, é irreal. "Se há países que pagam US$ 5, não podemos vender o gás a US$ 1. Temos que buscar um equilíbrio", afirmou Morales, referindo-se à Argentina, com quem assinou, no ano passado, um contrato de venda de gás que agora vem sendo usado como parâmetro nas negociações com o Brasil. A Bolívia também quer aumentar para US$ 5 por milhão de BTU o preço do gás vendido à Petrobras, que representa cerca de metade do consumo nacional do combustível. Atualmente, a estatal paga US$ 4,30 por milhão de BTU e diz que não há espaço para reajustes. No caso do gás vendida à térmica de Cuiabá, o governo vinha alegando que trata-se de um contrato entre empresas privadas e não poderia intervir.

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