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Bolívia volta a pressionar por aumento na tarifa de gás

Por Nicola Pamplona
Atualização:

Petrobras e Bolívia iniciaram nova queda de braço com relação ao suprimento de gás. Embora a estatal evite comentar o assunto, os bolivianos voltaram a pressionar por aumento no preço do combustível, pedindo a implementação de acordo fechado no ano passado entre os governos dos dois países. Além disso, querem uma redução nos volumes de exportação, para que possam destinar o gás que não vem sendo consumido pelo Brasil a outros clientes, como a Argentina ou indústrias locais.As duas partes se reuniram na semana passada em Santa Cruz de la Sierra para iniciar as conversas. Segundo autoridades do setor energético boliviano, a revisão do contrato com o Brasil esteve na pauta. A Petrobras, por sua vez, diz que encontro tratou apenas de "temas de rotina". Uma fonte próxima às negociações, porém, conta que a Bolívia quer que a Petrobras cumpra a promessa, feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em visita ao país no mês passado, de pôr em prática acordo sobre os novos preços do gás.O assunto está em suspenso desde fevereiro de 2007, quando Lula aceitou pleito de Evo Morales para que a estatal começasse a pagar pelas chamadas "frações nobres" do gás que importa da Bolívia - moléculas de etano, propano e butano, que poderiam ser separadas e vendidas a preços superiores. A conta adicional, segundo cálculos feitos na época, pode ser superior a US$ 100 milhões por ano. Até agora, porém, não houve acordo sobre uma fórmula para calcular o preço adicional.A Bolívia quer agilizar esse processo e espera novo encontro com representantes da Petrobras nos próximos dias, informou esta semana o presidente da estatal local YPFB, Carlos Villegas. No fim de semana seguinte à reunião de Santa Cruz, a Petrobras reduziu as importações de gás boliviano para a casa dos 16 milhões de metros cúbicos por dia, o menor nível desde o fim de 2003. O volume representa quase a metade da capacidade do Gasoduto Bolívia-Brasil, de 31 milhões de metros cúbicos por dia. O ato foi encarado por especialistas como um alerta aos bolivianos que o Brasil não sofre mais de dependência excessiva do gás do país vizinho - pelo contrário, o Brasil hoje tem um cenário de excedente de oferta e caminha para se tornar exportador na próxima década, a partir das reservas do pré-sal. A empresa nega que tenha agido com esse objetivo, mas disse que preferiu, durante o fim de semana, escoar cargas de gás natural liquefeito (GNL) compradas a preços mais baratos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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