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Bolsa bate 62 mil pontos e dólar cai ao nível de agosto de 2000

Nos EUA, Dow Jones também superou recorde e puxou alta mundial

Por Regina Cardeal , Renée Pereira e João Caminoto
Atualização:

A melhora na percepção sobre o futuro da economia americana e a expectativa de que o pior sobre o crédito de hipotecas já passou trouxeram novos recordes para o mercado financeiro. Em Wall Street, o índice Dow Jones bateu recorde de pontuação (14.087 pontos), subiu 1,38% e puxou uma alta generalizada no mercado mundial. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) não ficou para trás. Inaugurou um novo patamar de pontuação (62.340 pontos) ao registrar valorização de 3,1%. Trata-se do 37º recorde do ano. Veja as maiores altas e baixas da história da Bovespa O bom humor também mexeu com o câmbio. O dólar caiu para o menor patamar desde 15 de agosto de 2000 e fechou em R$ 1,81, com queda de 1,31%. Sem grandes notícias no ambiente doméstico, o foco ficou sobre os Estados Unidos. Mas nem os alertas feitos por bancos, como Citigroup e UBS, sobre redução dos lucros no terceiro trimestre por causa das hipotecas de alto risco (subprime) conseguiram tirar o ânimo dos investidores. Entre os indicadores divulgados ontem, o mais importante foi o índice de atividade industrial nacional dos gerentes de compras dos Estados Unidos referente a setembro, que caiu de 52,9 em agosto para para 52,0. Embora o indicador tenha ficado abaixo do mês anterior, qualquer número acima de 50 indica crescimento, o que acalmou os temores de que a crise no setor imobiliário americano tivesse contaminado a economia em geral. ''''De qualquer forma, o mercado comprou a idéia de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) vai promover mais um corte de juros na reunião do fim do mês'''', afirma o economista da López Leon, Flávio Serrano. Isso faz com que os investidores apostem em ativos de maior risco, como as bolsas de valores. Nesse cenário, os países emergentes aparecem como grandes oportunidades para ganhar dinheiro. Exemplo disso são os sucessivos relatórios de instituições estrangeiras indicando papéis de países em desenvolvimento como boas opções de investimentos. É o caso do banco Merrill Lynch, que recomendou a seus clientes ações dos países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China). ''''O índice BRIC permite aos investidores participarem tanto da história das commodities como na história da demanda doméstica dos mercados emergentes'''', destacou a equipe de estrategistas do banco americano, liderada pelo economista Michael Hartnett. Ele observou que o BRIC ainda representa apenas 4% da capitalização do mercado mundial, ante os 44% dos Estados Unidos. O banco Goldman Sachs também está otimista com as bolsas emergentes. ''''Ter uma exposição acima da média do mercado nas ações dos países emergentes é uma estratégia mandatória neste exato momento'''', disse o economista Peter Berezin. ''''A principal razão é que os lucros corporativos nos mercados emergentes têm crescido num ritmo robusto.'''' Berezin observou que os lucros por ação emergente aumentaram em cerca de 320% entre 1999 e 2006, e mais do que dobraram desde 2004. As indicações parecem ter surtido efeito, pelo menos no Brasil. No pregão de ontem, o volume negociado na Bovespa superou R$ 6 bilhões, sendo boa parte desse montante vinda do mercado externo. ''''Com a acomodação da crise no mercado imobiliário americano, os estrangeiros estão voltando para o Brasil'''', observa a economista do Banco Fibra, Maristella Ansanelli. Entre as ações mais procuradas estão as chamadas blue chips, ações de primeira linha, com elevada liquidez, como as da Companhia Vale do Rio Doce e da Petrobrás. Só no pregão de ontem, as ações ordinárias (ON) da Vale - que na sexta-feira se tornou a maior empresa brasileira listada na bolsa - dispararam 6,38% e as preferenciais (PN), 6,55%. Os papéis da estatal Petrobrás subiram 1,8% (ON) e 1,66% (PN).

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