PUBLICIDADE

Bolsa de NY teve recuperação dramática

Por Agencia Estado
Atualização:

O mercado norte-americano de ações mostrou uma capacidade impressionante de recuperação hoje, fechando com os principais índices próximos dos níveis da sexta-feira depois de chegar, durante o pregão, ao que poderia ser a maior queda do ano. Na mínima, o índice Dow Jones chegou a cair 439,66 pontos (5,06%), chegando a apenas 11 pontos da mínima pós-11 de setembro, enquanto o Nasdaq chegou a cair 58,20 pontos (4,24%). Num certo ponto do pregão, todas as 30 ações componentes do Dow estavam em queda, assim como todos os 86 setores cobertos pelos índices Dow Jones; no fechamento, porém, dez componentes do Dow mostravam ganhos, assim como 22 dos índices setoriais. A virada aconteceu na última hora do pregão e muitos observadores do mercado achavam mais fácil explicar por que o mercado caía do que os motivos da recuperação. Os motivos para a queda inicial incluíram a queda do dólar nos mercados de câmbio - onde o euro alcançou hoje a paridade com o dólar -, temores quanto aos informes de resultados que saem nesta semana, preocupação com a qualidade de crédito de empresas do setor financeiro e o problema dos escândalos contábeis. No final da manhã, o mercado ignorou um discurso do presidente George W. Bush em Birmingham (Alabama), no qual ele disse que a economia norte-americana continua sólida. A recuperação foi atribuída principalmente à cobertura de posições por grandes investidores que haviam ficado a descoberto ao apostar que o mercado continuaria a cair, em especial os fundos de hedge. "Hoje, o pessimismo era tão sólido que dava para cortá-lo com uma faca, mas tivemos uma grande ordem programada de compra que ajudou o mercado a subir. Havia uma montanha de dinheiro à espera para comprar nesse mercado", comentou Jordan Kimmel, gerente de carteira do Magnet Investment Group. "Eu sei que parece simplista a explicação de que foram os ´vendidos´ que levaram o mercado a se recuperar, mas dava para ver isso nas telas", disse Jay Indovino, da SunGuard Institutional. Segundo ele, os fundos de ações tiveram de liquidar posições para atender à demanda por dinheiro de investidores individuais que buscavam resgatar suas cotas e os fundos de hedge se aproveitaram disso. "Eles se anteciparam aos gerentes de fundos e venderam a descoberto, e, naturalmente, elas caíram. A partir daí, houve uma corrida para cobrir posições", acrescentou. Outros observadores citaram como motivos para a recuperação o temor dos investidores de ficarem a descoberto amanhã, quando o presidente do Fed, Alan Greenspan, depõe no Congresso sobre a condição da economia dos EUA, e a pesquisa Gallup divulgada hoje à tarde, segundo a qual a taxa de aprovação ao presidente George W. Bush permanece acima de 70%, apesar do noticiário sobre transações supostamente irregulares de que ele teria participado no começo dos anos 90. Apesar disso, as preocupações que têm afetado o mercado persistem: as ações da JB Hunt caíram 11%, depois de a Morgan Stanley dizer que o governo está investigando transações da companhia; as do Bank of America caíram 1,2%, apesar de o resultado do banco no segundo trimestre, divulgado hoje, ter superado as previsões (no caso, há temores quanto à exposição do banco à WorldCom). As ações do FleetBoston, que também divulgou resultados, caíram 5,6%. No setor de tecnologia, as ações da Intel chegaram a cair 3% durante o pregão, mas reagiram e fecharam em alta de 6,3% (a empresa divulga resultados amanhã). No setor farmacêutico, as ações da Pfizer caíram 10,6%, depois de a empresa anunciar um acordo para a compra da Pharmacia por US$ 60 bilhões; as ações da Pharmacia subiram 20,4%. Entre as ações que caíram estavam as dos setores que mais haviam subido recentemente, entre eles o de tecnologia militar (Northrop Grumman -3,4%, General Dynamics -2,1%) e o de comércio varejista (Christopher & Banks -6,6%, Michael´s Stores -3,4%). Traders disseram que os fundos venderam essas ações para atender ao resgate de cotas por investidores individuais.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.