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Bolsa deve receber de 80 a 90 novas empresas em 2008

Momento é de entrada de empresas de menor porte na Bovespa, que este ano realizou 62 IPOs

Por Mariana Barbosa e
Atualização:

Até dois ou três anos atrás, só as grandes empresas e os grandes bancos tinham condições de ingressar na Bolsa de Valores no Brasil. Entretanto, a estabilidade econômica doméstica e a grande liquidez internacional estão permitindo que outras empresas acessem o mercado de capitais. "As grandes companhias abriram o mercado acionário, mas agora estamos vivendo um segundo momento, com a entrada das empresas de menor porte", diz o professor de economia da FGV-SP, Ernesto Lozardo. "Hoje há demanda por qualquer investimento que se adapte às regras do novo mercado, de governança, transparência, e que tenha perspectiva de ganho futuro, seja ele grande ou pequeno." Os 62 IPOs (ofertas públicas iniciais de ações, na sigla em inglês) deste ano no Brasil representam 11% das aberturas de capitais em todo o mundo. E, no ano que vem, a previsão é de que de 80 a 90 empresas ingressem na Bovespa. "Quem tiver uma boa história pode se candidatar", acredita Lozardo. A SLC Agrícola faz parte dessa nova leva. Ela foi a primeira fazenda no mundo a abrir seu capital. É ainda um negócio pequeno, mas com grande perspectiva de crescimento. Produtora de soja, algodão e milho, ela faturou R$ 226 milhões no ano passado e já vale R$ 1,4 bilhão no mercado de capitais. A empresa, controlada pela família Logemann, de descendentes de alemães, foi à Bolsa de Valores para continuar comprando fazendas Brasil adentro. "Até 2006, nós crescemos com recursos próprios. Depois esgotamos nossas fontes de financiamento e achamos que o IPO seria uma alternativa de crédito", diz Eduardo Logemann, presidente do Conselho da SLC Agrícola. Além de ter 60,9% da SLC Agrícola, a holding dos Logemann - hoje na terceira geração - ainda é dona de um grupo que tem um negócio de distribuição de ferramentas (Ferramentas Gerais) e outro de beneficiamento e distribuição de arroz e feijão (SLC Alimentos). A história do grupo SLC se confunde com a saga da família Logemann. O fundador do grupo é Frederico Jorge Logemann, engenheiro alemão que veio para o Brasil no começo do século 20 contratado por uma empresa inglesa para construir pontes e estradas de ferro. Ele voltou para a Europa para lutar na 1ª Guerra Mundial, fugiu para o Canadá e veio parar novamente no Brasil. Aqui ele se casou e ficou. Como pagamento por um de seus trabalhos, recebeu um pedaço de terra no rincão do Rio Grande do Sul, perto da fronteira com a Argentina. Loteou a terra para agricultores alemães e italianos, que anos depois viraram compradores das colheitadeiras projetadas e fabricadas pelo engenheiro alemão. "Meu avô morreu de repente e meu pai teve de assumir o negócio às pressas. Ele quis vender, mas na época, logo depois da 2ª Guerra, ninguém tinha dinheiro para comprar", conta Eduardo. Décadas depois, em 1999, a família venderia a empresa de máquinas agrícolas para a americana John Deere. "Era o principal negócio do grupo. Vendemos porque não tínhamos bilhões de dólares para comprar." Se os investidores comprarem a promessa da SLC Agrícola, ter alguns bilhões de dólares pode não parecer mais tão irreal.

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