A piora externa acabou prevalecendo sobre o Ibovespa, que perdeu o nível de 100 mil pontos na reta final dos negócios, alinhada à baixa firme dos índices em Nova York depois de um novo capítulo de tensões entre Estados Unidos e China. Mas antes de sucumbirem, as bolsas chegaram, inclusive, a experimentar alguma melhora, em reação a um discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell.
Ele disse ter "chegado a hora" de a instituição começar a aumentar o seu balanço de ativos para manter "um nível apropriado" de suprimento de reservas ao sistema bancário e também afirmou que o Fed continuará agindo para dar apoio ao crescimento. Houve uma leitura positiva de tais declarações, mas enquanto Powell ainda falava, o secretário de Estado norte-americano, Michael Pompeo, anunciou a restrição de vistos a autoridades do governo chinês e seus familiares por instituir uma "campanha altamente repressiva" contra minorias muçulmanas no território autônomo de Xinjiang.
Às vésperas do encontro entre americanos e chineses para negociações comerciais, a notícia trouxe estresse imediato para os ativos, fazendo as bolsas norte-americanas voltarem a cair mais de 1% e, no caso do mercado doméstico, o Ibovespa acompanhou e o futuro chegou, inclusive, a entrar em leilão.
Com a proximidade do vencimento do índice, no dia 16, operadores disseram que alguma posição mais sensível pode ter disparado ordens de venda que o derrubaram rapidamente. No fim, o índice à vista terminou com queda de 0,59%, aos 99.981,40 pontos.
Câmbio
O real, no entanto, acabou se descolando de seus pares emergentes, após ter registrado desvalorização forte no pregão de segunda-feira. A perspectiva de fluxo de entrada para ofertas de ações que se desenrolam neste mês acabou favorecendo a correção e ainda que o movimento tenha perdido fôlego com a piora externa, o dólar terminou com baixa de 0,31% ante a moeda brasileira, a R$ 4,0916.
Com a divisa norte-americana em queda e a expectativa para um IPCA baixo na quarta-feira, 9, podendo até ser negativo, os juros futuros também caíram. Esse comportamento ainda teve o suporte da perspectiva de afrouxamento monetário nos EUA e até do aumento das tensões entre EUA e China, visto que isso acaba enfraquecendo ainda mais a economia global e tem efeito desinflacionário.
Com tudo isso, a notícia de que um texto sobre a cessão onerosa poderá ficar pronto ainda hoje acabou em segundo plano, ainda que possa aliviar os temores dos agentes sobre novos atrasos na Previdência.