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Bolsa fecha em queda de 0,82%, após nove sessões consecutivas de alta

Também influenciado pelo exterior, dólar teve alta de 0,71%, cotado a R$ 3,2492

Por Paula Dias e Wagner Gomes
Atualização:

Após nove sessões consecutivas de alta, o Ibovespa encontrou nesta terça-feira, 27, no espelhamento da queda de seus pares, principalmente em Wall Street, espaço para a realização de lucros. Segundo analistas, é apenas um fôlego para seguir em trajetória de alta nas próximas sessões. Quase no final do pregão, o índice à vista aprofundou a queda e largou o patamar dos 87 mil pontos, fechando com perda de 0,82%, aos 86.935,43 pontos.

De acordo com analistas, o movimento de ajustes acabou por ocorrer na maioria das bolsas do globo, tendo como mote a fala do novo presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell. Foto: SAUL LOEB/AFP/Getty Images

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Ao final dos negócios no mercado à vista, o dólar foi negociado a R$ 3,2492, em alta de 0,71%. Os negócios somaram US$ 1,103 bilhão, segundo dados da B3. No mercado futuro, o dólar para liquidação em março, cujas negociações se encerram nesta quarta-feira, 28, ficou em R$ 3,2540, com US$ 19 bilhões negociados. Com a proximidade da formação da última Ptax do mês, que baliza a liquidação de contratos futuros, houve ainda a pressão de investidores interessados na alta da divisa.

De acordo com analistas, o movimento de ajustes acabou por ocorrer na maioria das bolsas do globo, tendo como mote a fala do novo presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, sobre o fortalecimento da economia e da inflação nos Estados Unidos e, com isso, trouxe novamente a desconfiança de que a autoridade monetária poderia fazer quatro, e não três, altas no juro básico este ano. "Isso foi interpretado pelo mercado como que ele poderia ser mais 'hawkish' em relação ao aperto monetário", afirmou um operador.

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A partir daí os mercados acionários em Nova York viraram a mão e, por aqui, o Ibovespa bateu sucessivas mínimas, chegando a 86.612,92 pontos (-1,19%). Ao mesmo tempo, lá fora, o dólar se fortaleceu e influenciou para baixo as cotações dos contratos futuros de petróleo. Nesse caso, a commodity se torna mais cara para os detentores de outras moedas, o que prejudica o apetite dos investidores. "Ainda somos país de commodities e a bolsa é impactada com a piora dessas cotações", notou Vitor Suzaki, analista da Lerosa Investimentos.

A Petrobrás, cujos papéis estiveram na maior parte do dia em alta, passou ao largo tanto da influência da queda do preço do petróleo no mercado internacional quanto do rebaixamento da nota de sua dívida - de BB para BB- com perspectiva estável - pela agência de classificação de risco Fitch Ratings. O corte veio na esteira do downgrade soberano na sexta-feira passada.

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Mas, ao final do pregão, ambas as ações cederam à conjuntura e encerraram em queda de 0,26% (ON) e 0,09% (PN). Um operador creditou a valorização dos papéis à espera de investidores por notícias corporativas. De fato, ao final do dia, a estatal anunciou o início do processo de venda de mais um ativo (Polos Enchova e Pampo).

Destaques. As ações dos bancos e da Vale também puxaram o Ibovespa para baixo. Com quase 20% do índice, os papéis de Itaú e Bradesco registraram queda de mais de 1% no pregão de hoje. Acompanhando a redução de 0,26% do minério de ferro no porto de Qingdao (para US$ 79,15), a Vale intensificou as perdas no meio da tarde e acabou fechando no campo negativo.

Na outra ponta, CCR inverteu tendência vista ao longo da manhã e respondeu pela maior alta do Ibovespa. Os papéis ON fecharam com elevação de 3,30%, a R$ 12,82. As ações da companhia acumulavam queda nos últimos dois dias em razão de suposto envolvimento em irregularidades em rodovias. EcoRodovias ON, que também vinha de quedas nas últimas sessões, subiu 2,76%, para R$ 10,06.

Em relatório, analistas do UBS disseram que não há risco imediato de solvência para a CCR. "O risco de solvência não é uma grande preocupação. A empresa tem um índice de alavancagem decente, de 2,3 vezes, e uma forte posição de caixa. Além disso, a companhia informa investimentos de R$ 2,5 bilhões em 2018, ao mesmo tempo em que possui dívida de R$ 3,4 bilhões vencendo este ano".

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Entre as altas do Ibovespa estiveram ainda Pão de Açúcar PN (+3,03%, para R$ 68,30), Sabesp ON (+2,27%, para R$ 38,30) e Fibria ON (+2,07%, para 62,50).

Câmbio. O comportamento do dólar no mercado internacional deu o tom dos negócios no Brasil e a moeda americana voltou a subir nesta terça-feira, depois de três sessões consecutivas de queda. A fala de Jerome Powell respondeu em boa medida pelo fortalecimento da divisa ao redor do mundo, principalmente no período da tarde. 

Apesar de Powell ter mantido em linhas gerais o discurso "dovish", com defesa do gradualismo na política monetária, investidores teriam visto incentivo para se ajustaram à possibilidade de um quarto aumento de juros nos EUA este ano. Na sessão de perguntas e respostas, o dirigente mostrou otimismo com a economia e a trajetória da inflação nos EUA. "Desde dezembro, temos visto dados sugerindo um fortalecimento da economia. Esses dados renovam a confiança de que a inflação subirá em direção à meta. Minha perspectiva para a economia se fortaleceu desde dezembro", afirmou.

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A fala gerou reação nos mercados internacionais e teve reflexos também por aqui, com o dólar à vista atingindo a máxima do dia, cotado a R$ 3,2556 (+0,91%), às 12h56. 

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"O motivo para o mercado levar o dólar para cima não é tanto a fala de Powell, mas os números da economia dos Estados Unidos, que seguem fortes e vão acabar trazendo a esperada inflação ao país. O que esteve em jogo hoje foi o quarto aumento de juros", disse Hideaki Iha, operador da Fair Corretora. 

A opinião é compartilhada por Glauber Romano, da corretora Intercam. "A fala de Powell foi a única coisa que levou investidores a mudarem posições e isso ficou claro nas oscilações do euro. Houve, sim, um movimento de precificação de uma quarta alta de juros", afirmou. 

"Após o discurso (de Powell), o mercado ficará atento à forte agenda nos EUA até a próxima sexta-feira, dia de payroll", disse em relatório José Faria Junior, diretor da Wagner Investimentos.

Pela manhã, o fluxo positivo ajudou a conter a pressão compradora sobre o câmbio. Esse fluxo, segundo operadores, cessou à tarde, o que acabou por consolidar o ganho do dólar. A queda dos preços do petróleo foi outro fator a gerar valorização do dólar ante moedas de países emergentes e exportadoras da commodity. Às 18h, o dólar americano tinha alta ante as principais divisas, com destaque para rand (+1,76%), rublo (+1,12%), peso mexicano (+0,91%), peso chileno (+0,83%), e dólar australiano (+0,86%).

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