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Bolsa investe para atrair mais estrangeiros

BM&FBovespa aumenta investimentos em tecnologia para facilitar operações diretas com outros países

Por Marianna Aragão
Atualização:

A internacionalização dos negócios da bolsa brasileira foi uma das principais bandeiras da fusão entre a BM&F e a Bovespa, concluída há pouco mais de um ano. Agora, com os primeiros sinais de arrefecimento da crise, o projeto começa a ganhar fôlego. Até o fim do ano, a empresa pretende investir R$ 116 milhões em tecnologia, ampliando e criando novos sistemas de acesso de investidores estrangeiros à bolsa. O valor é 30% maior do que o aplicado na área no ano passado. A estratégia vem ganhando impulso - e justificativa - adicionais nos últimos meses, com a volta dos estrangeiros ao mercado brasileiro. No último mês, o saldo de operações externas na bolsa de valores foi recorde, atingindo R$ 6,083 bilhões. "Esse resultado reforça a lógica de todo o processo", diz o diretor de tecnologia da BM&FBovespa, Cícero Vieira. O pontapé inicial do projeto de internacionalização ocorreu em setembro do ano passado. A BM&FBovespa conectou seu sistema de negociação com o da Bolsa de Chicago, a CME Globex, uma das maiores do mundo. Com isso, investidores dos dois mercados passaram a poder operar contratos futuros usando a mesma plataforma. O resultado da união, porém, só começou a aparecer há poucos meses, já que a parceria foi firmada duas semanas depois da quebra do banco Lehman Brothers, marco do agravamento da crise financeira global. Em maio, o volume de contratos negociados por meio do sistema integrado cresceu 150% ante abril. SISTEMA ELETRÔNICO Também no ano passado, a empresa passou a permitir que os investidores estrangeiros fizessem suas ofertas de compra e venda de ações diretamente no sistema eletrônico da BM&F - uma tecnologia conhecida como acesso direto ao mercado. Antes, as ordens de transação feitas por clientes internacionais tinham de ser intermediadas por uma corretora brasileira. Em julho, a mudança passará a valer também para o ambiente de negociação da Bovespa. De acordo com Vieira, o acesso eletrônico dos estrangeiros aumenta o volume de operações. "Sem a necessidade da presença física de um operador, ganha-se escala. A transação também fica mais transparente para o investidor", afirma o executivo. Além da inclusão do ambiente da Bovespa no sistema de acesso direto ao mercado, estão previstas, até o fim do ano, outras dez ações na área de tecnologia, com o objetivo de acelerar o projeto de internacionalização. A última delas prevê a criação de um portal único para operar nos dois ambientes (BM&F e Bovespa). "Do ponto de vista do cliente final, é como se fosse uma bolsa só. Para o investidor estrangeiro, fica menos complicado e mais barato." Para suportar todas as mudanças, a empresa também investiu na ampliação da capacidade de processamento, que deve chegar a 1,5 milhão de negócios por dia no próximo semestre. Hoje, essa capacidade é de 750 mil por dia. As melhorias, segundo o executivo, devem ampliar a participação dos estrangeiros nas negociações da bolsa. Hoje, esses investidores já respondem por um terço do volume total diário negociado na BM&FBovespa. "Antes, os estrangeiros tinham de enfrentar uma estrada esburacada. Agora, encontram um asfalto em boas condições", diz Vieira. Segundo ele, os investimentos devem beneficiar as empresas que têm suas ações negociadas no mercado. "Isso vai facilitar a captação por parte das companhias."

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