Depois de ver o número de investidores nos fundos de índice (ETF, na sigla em inglês) praticamente dobrar apenas no primeiro semestre deste ano e se aproximar de 500 mil pessoas, a Bolsa brasileira lança nesta terça-feira, 24, um novo portal que reúne informações sobre o produto,de olho no potencial dessa classe de ativo, que replica os mais diferentes índices – os da B3, como o próprio Ibovespa – ou de bolsas estrangeiras.
“Vimos uma necessidade de pessoas físicas e investidores institucionais entenderem as diferentes características de cada classe de ativos”, afirma o diretor de relacionamento com clientes e pessoa física da B3, Felipe Paiva. Por trás no lançamento está o intuito de prover conteúdo para pavimentar a chegada de novos investidores. Nessa missão, outros lançamentos do gênero estão sendo estudados.
Ao lado da B3 nessa iniciativa estão algumas gestoras que têm apostado no crescimento desse mercado, que já é muito desenvolvido no exterior e que agora começa a ganhar tração no Brasil. Hoje são 116 negociados na Bolsa brasileira – número que vem crescendo constantemente, sendo que cerca de 20 foram lançados em 2021.
As estratégias são diversas e vão da tradicional renda variável e renda fixa, para fundos que replicam índices do setor imobiliário, commodities e até criptomoedas – ativos que cada vez mais tem atraído os investidores.
Visualização fácil
O executivo da Bolsa brasileira comenta que o lançamento decorre de uma demanda dos próprios investidores, tanto pessoas físicas quanto institucionais, que sentiram necessidade de ter uma visualização mais fácil dos ETFs disponíveis e um instrumento para comprar o desempenho de cada um. Isso já é comum, por exemplo, na indústria de fundos, na qual as próprias plataformas de investimentos disponibilizam esse serviço.
Paiva diz esse mercado ainda tem muito para crescer no Brasil e é muito pequeno se comparado a mercados mais maduro, como nos Estados Unidos, onde essa indústria chega a US$ 5 trilhões. Por aqui, o patrimônio dessa indústria é de R$ 305 bilhões. A expansão vem sendo forte: esse total era de R$ 46 bilhões há cinco anos.
O ETF sempre foi uma aposta para trazer as pessoas físicas à Bolsa, mas só deslanchou em um cenário de juros mais baixos. O primeiro ETF foi lançado há quase duas décadas e a maioria deles, até pouco tempo atrás, tinha pouca liquidez.
Além da B3, fazem do projeto do portal BlackRock, Hashdex, Itaú Asset, Investo, QR Capital e XP Asset. Mais parceiros deverão ser incluídos no projeto. A ideia é que o investidor encontre no portal conteúdo educacional, além de dicas de como escolher uma corretora, até uma ferramenta de comparação.
“Nossa jornada no mercado de ETFs começou em 2004 quando lançamos o primeiro ETF do mercado Brasileiro. Desde então, temos apoiado o seu desenvolvimento com novos ETFs, bem como através de ações educativas para explicar os benefícios destas estratégias”, comenta o responsável pelas estratégias beta e integração ESG na Itaú Asset.
Para a presidente da BlackRock no Brasil, Karina Saade, os fundos de índice têm desempenhado um papel importante na democratização do investimento em todo o mundo. “É gratificante vê-los ganhar tração aqui no Brasil”, afirma.