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Bolsa vai na contramão de Nova York e fecha em alta de 0,9%; dólar cai a R$ 5,26

Ibovespa foi favorecido pela alta do minério de ferro na China, que impulsionou ações de mineradoras, em especial a Vale; ganhos de bancos, siderúrgicas e Petrobrás também ajudaram

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Por Redação
Atualização:

A Bolsa brasileira (B3) conseguiu não apenas fechar em alta, na contramão do mercado de Nova York nesta segunda-feira, 17, como também tocou nos 123 mil pontos na máxima do dia, algo que não era visto desde 15 de janeiro. Hoje, o Ibovespa subiu 0,87%, aos 122.937,87 pontos, apoiado pelos ganhos das commodities, em especial a Vale. No câmbio, o dólar teve leve queda de 0,09%, a R$ 5,2663, em um dia de fraqueza para a moeda também no exterior.

Na máxima de hoje, o Ibovespa subiu aos 123.074,21 pontos. No mês, o índice sobe 3,40% e, no ano, ganha 3,29%. A alta do minério de ferro na China, que chegou a subir mais de 4% hoje, favoreceu as companhias do setor e ajudou a apagar o temor que predominou na semana passada, de que o país poderia intervir nos preços do aço, que estariam se descolando demais dos custos, em movimento que chamou a atenção de autoridades locais.

B3,a Bolsa de Valores de São Paulo Foto: Daniel Teixeira/Estadão

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"A produção de aço comprova a forte demanda por minério de ferro na China, levando o Ibovespa novamente para a faixa de 123 mil pontos", aponta Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora, chamando atenção para a alta de 4% na produção de aço bruto na China em abril, com expansão de 16%, para 375 milhões de toneladas, acumulada no ano, o que "demonstra o apetite das siderúrgicas chinesas pelo minério de ferro".

Entre as ações do setor, Vale subiu 2,62%, CSN subiu 3% e Gerdau PN teve ganho de 3,48%. O resultado ajudou o mercado brasileiro a se descolar de Nova York, cujos três principais índices fecharam em queda. A semana é importante para o mercado americano, pois será marcada pela divulgação da ata do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), com as previsões da entidade monetária sobre a inflação dos Estados Unidos e qual postura será por ela adotada.

Hoje, o vice-presidente do Fed, Richard Clarida, disse que é preciso "ficar atento" às expectativas de inflação à medida que a economia dos EUA se recupera, a fim de evitar um descontrole dos preços. Ainda que veja os efeitos inflacionários como "transitórios" na maior parte, Clarida diz "não ter dúvidas" de que o Fed usará seus instrumentos caso as expectativas apontem para inflação acima da meta de cerca de 2% por um longo período.

Na Bolsa brasileira, além do desempenho positivo observado desde cedo nas ações de mineradoras, o avanço de Petrobrás, com ON e PN em altas de 1,17% e 1,45% cada também ajudou, em dia de ganho para o petróleo no exterior. Além disso, também foi monitorada a alta dos papéis de bancos, com Banco do Brasil e Santander avançando 1,77% e 0,48%, respectivamente.

Na ponta do índice da B3, destaque para alta de 4,87% em JHSF e de 3,21% de Iguatemi. No lado oposto, Totvs cedeu 2,06% e Magazine Luiza teve baixa de 1,51%.

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Câmbio

Em dia com agenda doméstica esvaziada, o mercado de câmbio acompanhou os movimentos do dólar no exterior. A moeda americana operou volátil ante o real pela manhã, chegando a subir a R$ 5,32 na máxima do dia, mas passou a cair no começo da tarde, refletindo a perda de fôlego da divisa dos Estados Unidos ante moedas fortes e emergentes. O dólar para junho fechou em leve alta de 0,09%, a 5,2840.

Para o sócio e diretor de Investimentos da Kairós Capital, Fabiano Gomes Godoi, o real ainda tem espaço de valorização adicional pela frente, refletindo um ambiente de melhora dos números da pandemia, por conta do avanço da vacinação, que pode levar a alguma recuperação da popularidade de Jair Bolsonaro, abrindo espaço para o avanço da agenda de reformas no Congresso. "Esta janela está condicionada ao ambiente lá fora permanecer tranquilo. Caso o ambiente exterior se deteriore com as expectativas inflacionárias crescentes, as coisas aqui ficam bem mais difíceis."

Já a diretora de estratégia de câmbio da gestora BK Asset Management, Kathy Lien, observa que indicadores mais fracos que o esperado da economia americana estão ajudando a fortalecer outras moedas ante o dólar, como as ligadas a commodities. Mas o mercado vai seguir monitorando os dados de inflação, que passou a virar uma preocupação mundial nesta retomada da economia. Alguns bancos centrais estão mais propensos a agir do que outros, destaca ela. As moedas que mais vão se apreciar são justamente a destes países. No Brasil, o real vem reagindo ao aumento de juros pelo Banco Central e sinalização de mais altas pela frente. /LUÍS EDUARDO LEAL, ALTAMIRO SILVA JÚNIOR E MAIARA SANTIAGO

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