PUBLICIDADE

Publicidade

Bolsa fecha 2018 com alta de 15% e dólar sobe 16,89%

Ibovespa deve encerrar o ano no azul pelo terceiro período seguido; estatais e mercado exterior influenciam bom resultado do dia

Por André Ítalo Rocha
Atualização:

Impulsionado principalmente pelo bom humor no exterior, o Ibovespa fechou em alta a última sessão do ano, com ganhos de 2,84%, aos 87.887,26 pontos nesta sexta-feira, 28. Com isso, terminou 2018 com valorização acumulada de 15,03%, na contramão dos principais índices do mundo e de outras economias emergentes, que encerraram o ano em baixa.

O avanço teve respaldo da melhora do ambiente externo e um pouco de correção das perdas registradas ao longo da semana, com as ações da Petrobrás entre as maiores altas do Ibovespa, além da Eletrobrás, que realizou leilão da Distribuidora Ceal.

OIbovespa deve encerrar 2018 no azul pelo terceiro ano seguido. Foto: Gabriela Biló/Estadão

PUBLICIDADE

Já o dólar à vista fechou hoje em baixa de 0,36%, aos R$ 3,8755, em linha com a fraqueza no exterior e em meio à vitória dos vendidos na disputa pela formação da última Ptax de dezembro e do ano, que servirá para a liquidação do contrato futuro de janeiro e os ajustes das posições cambiais e nos balanços corporativos deste fim de ano.

Em 2018, a moeda subiu 16,89% ante o real, que registrou o terceiro pior desempenho ante o dólar entre os principais países emergentes, atrás apenas da Argentina e da Turquia. O alívio no câmbio, juntamente com o otimismo sobre o novo governo, alimentou a queda dos juros futuros, que terminaram a sessão regular nas mínimas históricas. Em Nova York, as bolsas passaram o dia sob volatilidade, com mais um dado econômico aquém do esperado nos EUA reforçando as preocupações sobre o desempenho da economia, que também penalizaram o dólar. Na última hora de negócios, porém, os índices em Wall Street se firmavam em alta.

O mercado aproveitou o dia para fazer um balanço dos investimentos de 2018 e já planejar os negócios para o ano que vem.

A alta nos futuros acionários em Wall Street e sinalizações benignas da equipe do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) quanto a medidas fiscais corroboravam os ganhos no pregão brasileiro.

Exterior

Publicidade

Sem o mesmo vigor da Bolsa de São Paulo, mercados como o de Frankfurt e Milão terminaram o ano com quedas de 18,26% e 16,15%, respectivamente. Vários mercados ainda vão operar na segunda-feira, 31, como os de Nova York e outros da Europa, mas todos acumulam perdas no ano. Tóquio e Xangai, que já encerraram o ano, fecharam com recuos de 12,08% e 24,59%, respectivamente. 

Se o Ibovespa caminhou na direção oposta aos dos principais mercados do mundo em 2018, na sessão desta sexta-feira, 28, contou com a ajuda deles para fechar em alta o último pregão antes de 2019. Nos Estados Unidos, ainda repercutem resultados positivos de consumo no fim do ano, que exercem pressão de alta em papéis de varejistas. 

Além disso, segundo analistas, os ganhos em São Paulo também refletem um movimento de correção do Ibovespa em relação a perdas registradas ao longo da semana. O principal índice da Bolsa caiu 0,65% na quarta-feira, 26, em ajuste à forte queda dos índices norte-americanos na segunda-feira, 24, e subiu 0,38% na quinta-feira, 27.

No noticiário político, a entrevista dada pelo vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão, ajudou a reforçar o compromisso do novo governo com a reforma da Previdência. Ele afirmou que o projeto é prioridade número um e que não será enviado ao Congresso de forma fatiada.

PUBLICIDADE

A sinalização, no entanto, teve pouco ou nenhum impacto nos negócios. O entendimento é de que a declaração de Mourão apenas reforçou o que já está precificado nos mercados, de que a reforma sairá em 2019. "Foi mais do mesmo", disse o analista de investimentos da Toro Investimentos, Vinicius Andrade.

No noticiário corporativo, os bancos e companhias ligadas a commodities foram os destaques positivos. As ações do Itaú, por exemplo, subiram 3,5%. Entre os destaques internos estão os papéis da Petrobrás, com alta de 3,11% nas ações ordinárias e 2,45% nas preferenciais após a diretoria da petrolífera de controle estatal aprovar mecanismo de proteção complementar à política de preços do diesel, semelhante ao utilizado na gasolina, que permitirá à companhia manter a cotação do produto estável nas refinarias por um período de até sete dias em momentos de elevada volatilidade.

Destaques

Publicidade

As ações da Eletrobrás continuam em alta com a expectativa de realização do leilão da Distribuidora Ceal, de Alagoas. A Equatorial Energia arrematou a distribuidora de energia. No meio da tarde desta sexta-feira, as ações ordinárias subiam 1,92%, para R$ 24,39, enquanto PNB tinha alta de 1,66%, para R$ 28,18. Última das seis distribuidoras da Eletrobrás a ser leiloada, a Ceal é considerada a de maior atratividade. Entre os candidatos a levar a empresa, estão Energisa e Neoenergia, que detêm outras concessões de distribuição de energia nas proximidades, Equatorial e Enel

Após meses de elevada volatilidade, em meio às eleições 2018 e disputas comerciais no exterior, entre outros fatores, o Ibovespa deve encerrar 2018 no azul pelo terceiro ano seguido, depois de subir 27% em 2017 e 39% em 2016.

A alta ocorre mesmo após forte saída líquida de estrangeiros do segmento Bovespa, de R$ 11 bilhões no ano até o dia 21 de dezembro, dado o ambiente global mais hostil a mercados emergentes e certa hesitação com a mudança do comando do país.

Glauco Legat, analista da Necton Corretora, diz que o ano foi bom, mas com um certo desgaste mais perto do final do período.

"O cenário externo é o grande desafio agora. O Brasil não é um ilha e o fluxo de investimento estrangeiro é muito importante. Vamos torcer para o mercado externo não piorar e não abortar os investimentos programados para o País. Apesar disso, começamos o ano otimistas. Temos uma política atraente para os agentes econômicos, com reforma da previdência, reforma fiscal, redução de gastos e privatizações. O próximo governo tende a fazer políticas liberais. Acreditamos que o mercado só vai piorar se não tiver aprovação ou se as reformas não forem estruturais, forem apenas para inglês ver", diz Legat.

Para o gestor Henrique Bredda, da Alaska Asset Management, a alta do Ibovespa no ano prova que, embora existam distrações no meio do caminho, a Bolsa reflete os lucros das empresas, que em 2018, no agregado, subiram bastante em relação a 2017.

“Acreditamos que isso deve se repetir em 2019 versus 2018”, afirmou Bredda, que trabalha com um cenário de melhora da economia no próximo ano calendário. A Alaska tem atualmente sob gestão cerca de R$ 8 bilhões.

Publicidade

“Nós estamos com uma capacidade ociosa muito grande, e, conforme o PIB for se recuperando, as receitas vão voltando sem aumento de custo fixo e sem a necessidade de investimentos adicionais, o que acaba turbinando os lucros”, destacou.

Bredda também ressaltou que as empresas buscaram melhorar a eficiência após anos de crise, o que deve respaldar a expansão mais rápida dos lucros, assim como o efeito da queda da taxa Selic sobre o custo do endividamento das companhias, aumentando a geração de caixa das empresas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.