As bolsas da Ásia e de Nova York fecharam sem direção única nesta sexta-feira, 23, com investidores ainda na expectativa de que haja um novo acordo fiscal nos Estados Unidos, para lidar com os impactos da pandemia do novo coronavírus, e monitorando desdobramentos da nova onda de infecções pela covid-19. Já na Europa, indicadores econômicos mais favoráveis ajudaram as bolsas locais a fecharem com ganhos.
Na quinta-feira, 22, a presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, voltou a demonstrar otimismo sobre a perspectiva de chegar a um entendimento com o governo americano sobre um novo pacote fiscal. "Estamos perto de um acordo por estímulos fiscais", disse ela, durante entrevista coletiva em Washington. O presidente Donald Trump, porém, acusou Pelosi de não querer aprovar um acordo antes da eleição de 3 de novembro, durante o segundo e último debate com seu rival democrata, Joe Biden.
Ainda sobre o tema, nesta sexta, o chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows, declarou à imprensa americana que o acordo pode ser fechado "em um dia ou mais ou menos isso". Já o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, manteve a toada recente nesta tarde, ao dizer que houve progressos na busca por um pacote fiscal, mas ainda persistem divergências "significativas" entre republicanos e democratas.
Também continua no radar a segunda onda de casos de covid-19 na Europa, que levou vários países da região a restabelecer medidas de confinamento. Nesta sexta, a França superou a marca de um milhão de casos de coronavírus, enquanto Portugal deu mais um passo em direção ao endurecimento das medidas de controle e decretou que todos os cidadãos do país usem máscaras em espaços públicos. Já os EUA registraram mais de 60 mil novas infecções diárias por dois dias seguidos.
Bolsas da Ásia
O índice acionário japonês Nikkei subiu 0,18% em Tóquio, enquanto o sul-coreano Kospi avançou 0,24% e o Hang Seng teve alta de 0,54% em Hong Kong. Por outro lado, os mercados chineses se enfraqueceram, influenciados em parte por ações do setor médico. O Xangai Composto recuou 1,04% e o menos abrangente Shenzhen Composto caiu 1,90%. Em Taiwan, o pregão também foi negativo, com modesta queda de 0,14% do Taiex.
Na Oceania, a Bolsa australiana ficou no vermelho, pressionada por ações de mineradoras e de tecnologia. O S&P/ASX 200 caiu 0,11% em Sydney.
Bolsas da Europa
Na agenda de indicadores, os sinais foram mistos. O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto da zona do euro caiu de 50,4 em setembro a 49,4 em outubro, na mínima em quatro meses e novamente apontando contração da atividade, mas o PMI da indústria teve uma alta inesperada a 54,4, na leitura preliminar da IHS Markit.
Já no Reino Unido, o PMI composto recuou a 52,9 em outubro, abaixo da expectativa. Já as vendas no varejo avançaram 1,5% em setembro ante agosto, acima da previsão de alta de 0,5%. Na Alemanha, o PMI composto recuou a 54,4 em outubro, porém a indústria apareceu como surpresa positiva.
Ainda por lá, colaborou com o bom desempenho do mercado o balanço do Barclays, que veio acima das previsões. Com isso, o Stoxx 600 subiu 0,62%, enquanto a bolsa de Londres teve ganho de 1,29%, a de Paris avançou 1,2% e a de Frankfurt teve alta de 0,82%. Milão, Madri e Lisboa subiram 1,09%, 1,42% e 0,52% cada.
Bolsa de Nova York
As bolsas de Nova York fecharam o pregão desta sexta-feira sem direção única, diante da falta de resolução para o impasse fiscal nos Estados Unidos. O Dow Jones recuou 0,10%, o S&P 500 subiu 0,34% e o Nasdaq avançou 0,37%. Na comparação semanal, os índices acionários registraram perdas de 0,95%, 0,53% e 1,06%, respectivamente.
A divulgação do índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto dos EUA, entretanto, foi bem recebida no mercado. O indicador subiu de 54,3 em setembro para 55,5 em outubro, maior nível em 20 meses. As ações da American Express, que divulgou balanço hoje, cederam 3,64%. Os papéis da Intel, que informou resultados corporativos após o fechamento do mercado ontem, caíram 10,58%. No S&P 500, o subíndice do setor de serviços de comunicação liderou os ganhos (+1,07%) e o de energia foi destaque de perdas (-0,55%).
Petróleo
O petróleo fechou o pregão desta sexta-feira em queda, pressionado pela notícia de que a Líbia vai aumentar a produção da commodity e também após um crescimento dos poços em atividade nos Estados Unidos. Hoje, o barril do WTI com entrega prevista para dezembro caiu 1,94%, a US$ 39,85, com perda de 2,52% na semana. Já o contrato do Brent para o mesmo mês recuou 1,63%, a US$ 41,77 o barril, com baixa semanal de 2,70%.
"Acreditamos que os riscos de baixa predominam", diz o chefe de Pesquisa em Commodity do Commerzbank, Eugen Weinberg, sobre o mercado de petróleo. "Há pouco apoio do lado da demanda, tendo em vista o número extremamente alto de novos casos de covid-19", acrescenta o profissional.
Além de preocupações com a demanda, o que pressionou a commodity energética hoje foram as perspectivas de aumento da oferta. A National Oil Corporation (NOC), estatal de petróleo da Líbia, informou que há instruções para uma retomada da produção de parte de suas operações, nos campos de Al-Waha e Al-Haruj. De acordo com a companhia, essa produção deve atingir 800 mil barris por dia em duas semanas e 1 milhão de bpd em um mês./MAIARA SANTIAGO E IANDER PORCELLA