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Bolsas da Europa têm menor nível em 6 anos

Pessimismo com a situação do sistema bancário afasta investidores

Por Jamil Chade
Atualização:

As bolsas de valores europeias atingiram ontem os menores níveis de pontuação em seis anos, abatidas pela queda nas cotações dos bancos após notícias de que o governo americano está em conversações para ampliar sua fatia no Citigroup. Além disso, os papéis de montadoras apresentaram queda por causa das persistentes preocupações sobre a desaceleração da demanda no setor. O índice FTSEurofirst 300, que reúne as principais bolsas da região, recuou 0,68%, para 730 pontos. O indicador acumula queda de 12% neste ano, depois de já ter recuado 45% em 2008. Entre os bancos, o UBS perdeu 9%, o Deutsche Bank caiu mais de 5% e o Dexia despencou 12%. "É muito difícil investir em bancos em razão das incertezas sobre quanta diluição de capital sofrerão para manter seus negócios", disse Andrew Bell, diretor de pesquisa do Rensburg Sheppards. As ações das montadoras figuraram entre as maiores baixas. BMW, Daimler AG, Porsche, Volkswagen AG, Peugeot, Renault, Fiat recuaram entre 3,8% e 10%. CORTES NOS BANCOS O temor do mercado é de que as medidas para relançar o sistema financeiro não sejam suficientes para evitar uma recessão mundial. Segundo um levantamento feito pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), 325 mil postos de trabalho foram abolidos no setor financeiro desde meados de 2007. Só em Nova York, 100 mil executivos e funcionários de bancos vão ficar sem trabalho. Hoje e amanhã, a entidade reúne especialistas para lidar com o desemprego e a projeção é de que as demissões continuarão no setor, que emprega 20 milhões de pessoas. Na Europa, são 5,6 milhões de pessoas trabalhando para bancos e instituições financeiras. "As perdas de empregos vão se intensificar, à medida que a recessão mundial se aprofunde e as instituições financeiras sofram, cada vez mais, importantes desvalorizações de ativos", afirmou Elizabeth Tinoco, uma das autores do levantamento. Do total das demissões, 130 mil ocorreram apenas desde outubro. Quarenta e cinco mil delas apenas no Bank of America (BofA), contra 75 mil no Citigroup. Nos próximos meses, até especialistas em informática nos bancos correm o risco de perder seus empregos. Londres e Nova York devem ser as cidades mais afetadas. A capital britânica pode perder mais 40 mil postos de trabalho em 2009. As demissões no setor financeiro estão ocorrendo a um ritmo duas vezes mais rápido que a média dos demais setores. PRESSÃO Ontem, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean Claude Trichet, admitiu que "o sistema financeiro da zona do euro, como o de outras economias industrializadas, está sob forte pressão". "Tem ficado cada vez mais claro que, desde que a crise se intensificou, os problemas do setor financeiro estão se espalhando para a economia real", afirmou. Para ele, os problemas no setor financeiro estão atrasando uma recuperação econômica. "A situação é mais difícil de combater do que se tivéssemos um quadro no qual os problemas fossem restritos ao setor financeiro", afirmou Trichet, que destacou as fraquezas estruturais do sistema e defendeu uma regulação maior dos fundos hedge, os mais arriscados do mercado. Até agora, bancos dos países ricos já tiveram prejuízos estimados em US$ 1,1 trilhão.

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