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Bolsas em NY viram e fecham em forte alta; Bovespa cai 1%

Queda das commodities no exterior impede que Bolsa de São Paulo acompanhe os ganhos de Wall Street

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Por Redação
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As bolsas de valores norte-americanas saltaram no final da sessão desta quinta-feira, com investidores buscando ações atingidas um dia após Wall Street registrar seu pior dia desde o crash de 1987 e alta de companhias após o recuo nos preços do petróleo. O índice Dow Jones teve alta de 4,68%, a 8.979 pontos. O Standard & Poor's 500 subiu 4,25%, a 946 pontos, e o Nasdaq avançou 5,49%, a 1.717 pontos. Veja também: Com crise e queda de consumo, petróleo cai abaixo de US$ 70 Consultor responde a dúvidas sobre crise   Como o mundo reage à crise  Entenda a disparada do dólar e seus efeitos Especialistas dão dicas de como agir no meio da crise A cronologia da crise financeira  Dicionário da crise  Por aqui, a Bolsa de Valores de São Paulo reduziu as perdas no fim do dia, ajudada pelo alívio em Nova York, mas a forte pressão de baixa em razão do declínio das commodities, com o petróleo abaixo dos US$ 70 pela primeira vez desde agosto de 2007, por exemplo, impediu que o Ibovespa fechasse no azul, como seus pares norte-americanos. O índice brasileiro encerrou em queda de 1,06%, aos 36.441,72 pontos. Apenas na abertura a Bovespa conseguiu sustentar-se em território positivo, quando subiu 1,52%, aos 37.394 pontos, na máxima. Na mínima, chegou perto do limite para que fosse acionado o circuit breaker ao cair 8,36%, para 33.752 pontos. O volume financeiro somou R$ 5,522 bilhões (preliminar). Nesta semana, o Ibovespa ainda acumula variação positiva de 2,34%. "Não existe mais análise fundamental para operar no mercado. O que manda é o psicológico", disse um experiente profissional da área de renda variável de uma corretora em São Paulo, para explicar o comportamento volátil nas operações hoje. "O Ibovespa até reagiu no final e quase fechou no azul. Mas foi uma recuperação sem consistência", complementou outro experiente profissional do mercado, mas de uma corretora do Rio. No noticiário nos EUA desta quinta-feira, os investidores equilibraram indicadores desfavoráveis sobre a economia norte-americana - como a maior queda da produção industrial em 34 anos e a maior baixa mensal da história no índice de atividade industrial do Fed da Filadélfia - e outros melhores, como inflação zero pelo CPI e queda no número semanal de pedidos de auxílio-desemprego. Na visão de Tony Volpon, economista-chefe da CM Capital Markets, a habilidade do mercado acionário norte-americano de sustentar um expressivo rali após um dia ruim nas bolsas da Europa e Ásia, notícias econômicas negativas e resultados corporativos ruins, pode ser uma prova de que os mercados estão finalmente começando a tentar ver através do que será um período de números econômicos muito fracos. A queda nos preços do petróleo serviu como argumento para a recuperação em Nova York, o que gerou impulso em ações de setores como serviços públicos, aéreo e matérias-primas. Na Nymex, o contrato para novembro encerrou o dia em queda de 6,29%, a US$ 69,85, pressionado pelo aumento dos estoques nos EUA, que mostrou que a demanda pelo combustível está realmente mais fraca. Mas se a queda do petróleo ajudou os índices nos EUA, no Brasil o efeito foi contrário, uma vez que o declínio do óleo afeta negativamente as ações da Petrobras - que respondem por cerca de 18% do Ibovespa. Hoje, as ações PN da estatal caíram 7,50% e as ON recuaram 8,67% - liderando as baixas do índice. Além do petróleo, o decréscimo nos preços de outras commodities, como alguns itens agrícolas e metais, também manteve o pregão local sob pressão. Como lembrou o profissional da corretora no Rio, a pauta de exportações brasileira é quase toda de commodities, "E as ações com maior peso no índice, junto com os papéis de bancos, são de empresas que têm seus resultados atrelados aos preços desses produtos", afirmou. E as ações da Vale refletiram isso: queda de 2,13% nas PNA e recuo de 2,50% nas ON. Dólar O dólar fechou em leve queda nesta quinta-feira, em sessão de forte volatilidade, acompanhando os movimentos das bolsas de valores norte-americanas em meio às incertezas dos investidores sobre a saúde financeira global e novas atuações do Banco Central no mercado doméstico. A moeda norte-americana caiu 0,23%, a R$ 2,160. Na semana, a divisa acumula baixa de 7,14%. O dólar, que chegou a subir mais de 3% durante as operações da manhã, seguiu o movimento de recuperação dos mercados acionários de Nova York e reverteu sua tendência nos últimos minutos de negócios. "O mercado está bastante volátil e emocional, operando ainda ao sabor das notícias", afirmou Luis Piason, gerente de operações de câmbio da corretora Concórdia. Piason ressaltou ainda que o cenário brasileiro também é pressionado pela dúvida dos investidores sobre se ainda existem empresas com problemas de posições nos mercados derivativos, que ganham ainda mais força com a chegada da temporada de divulgação de resultados. No final do último mês, a Aracruz e a Sadia divulgaram fortes prejuízos devido a posições equivocadas no mercado de dólar futuro. "A coisa não vai se resolver tão rápido", disse Mario Battistel, gerente da Fair Corretora. "Vamos continuar desse jeito (com grande volatilidade) por um tempo." Nesta quinta-feira, o Banco Central voltou a atuar no mercado cambial, realizando um leilão de venda de dólares com compromisso de recompra, um leilão de venda de dólares no mercado à vista, e um leilão de swap cambial, em um esforço para conter a alta da moeda norte-americana. Piason, acredita que as atuações do BC devem ter efeito no médio prazo. Para ele, neste momento, a preocupação maior precisa ser a falta de linhas de créditos para exportadores. Neste sentido, a autoridade monetária divulgou nesta quinta-feira que poderá obrigar as instituições financeiras que usarem a janela de redesconto a direcionar parte ou o total do volume captado para financiar os exportadores.

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