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Bolsas recuperam-se, mas oscilações devem continuar

Investidores continuam cautelosos em relação à economia norte-americana

Por Agencia Estado
Atualização:

A melhora das bolsas norte-americanas na tarde desta quarta-feira impulsionou uma virada nas ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). O Ibovespa terminou o dia em alta de 1,26%. O índice Dow Jones - que mede o desempenho das ações mais negociadas na Bolsa de Nova York - encerrou em alta de 0,47% e a Nasdaq - bolsa que negocia ações do setor de tecnologia e internet - subiu 0,90%. Contudo, permanece entre os investidores o clima de cautela em relação ao comportamento da economia dos Estados Unidos. Analistas avaliam que as oscilações no mercado devem continuar. Depois de duas semanas da forte queda da Bolsa de Xangai - que despencou quase 9% no dia 27 de fevereiro -, a luz amarela acendeu quando empresas que concedem crédito para pessoas com alto risco de calote (subprime) começaram a sinalizar dificuldades no recebimento dos pagamentos. Na terça-feira, números divulgados pelo governo americano mostraram esta realidade. Atento aos sinais deste segmento da economia norte-americana, o investidores parecem ter se acalmado nesta quarta, pelo menos momentaneamente, com a informação de que os atuais problemas no mercado norte-americano de empréstimos hipotecários da categoria subprime deve ser mínimo sobre as vendas de imóveis nos EUA. Em entrevista à jornalista Cynthia Decloedt da Agência Estado, Walter Molony, responsável por relações com o mercado da Associação Nacional dos Corretores de Imóveis dos EUA (NAR, na sigla em inglês), disse que os créditos subprime problemáticos representam, no máximo, 1,5% do total dos empréstimos concedidos para financiamento de imóveis. De acordo com Molony, os empréstimos hipotecários subprime representam cerca de 10% do total do mercado de hipotecas norte-americano e um terço das residências são adquiridas sem hipoteca. Apesar do barulho causado pelos mais recentes anúncios de falências ou desequilíbrios financeiros entre as companhias que concedem crédito de categoria subprime, Molony observa que a taxa de calote subiu para apenas 15%, enquanto 85% desta indústria ainda permanece saudável. Por que as bolsas são afetadas? Os investidores se assustaram com as condições do mercado imobiliário norte-americano pois ele mexe diretamente com a economia real do país e, por conseqüência, com as economias do mundo todo. Ainda não é possível saber qual a extensão deste impacto, mas é certo que, com a alta dos juros no país, os americanos estão gastando mais para pagar suas hipotecas e isso reduz o poder de consumo. Outra conseqüência é a redução da riqueza dos norte-americanos. Isso porque, com o calote das hipotecas, muitos imóveis serão retomados e voltarão para o mercado, o que reduzirá o preço dos imóveis - um dos investimentos mais usados pelos norte-americanos. Mesmo assim, a NAR revisou em baixa suas projeções para as vendas de imóveis usados no segundo e terceiro trimestre. Molony explicou que a maior parte dos processos de inadimplência nos financiamentos imobiliários não resulta em execução das hipotecas, já que antes disso, os inadimplentes conseguem alinhar seus pagamentos em atraso. Ele disse que isso significa que apenas uma entre cerca de 200 hipotecas residenciais têm chance de serem executadas judicialmente. Bolsas européias Nesta quarta, as Bolsas européias não conseguiram acompanhar a virada das bolsas dos EUA e fecharam em baixa. Em Londres, a queda foi de 2,6%. Em Frankfurt, a baixa foi de 2,7%. As ações recuaram 2,5% em Paris. Em Lisboa, o índice de ações fechou em queda de 1,8% e em Madri caiu 2,7%. No Brasil, o dólar comercial encerrou o dia em queda de 0,33%, cotado a R$ 2,0970.

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