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Com Bolsonaro, presidente da Caixa anuncia prejuízo de R$ 46 bi por corrupção em gestões anteriores

Segundo Guimarães, perdas econômicas são resultado de investimentos mal sucedidos entre 2004 e 2017; Bolsonaro voltou a citar suspeitas de irregularidades no BNDES

Foto do author Eduardo Gayer
Foto do author Aline Bronzati
Por Eduardo Gayer , Aline Bronzati (Broadcast) e Sofia Aguiar
Atualização:

Depois de o presidente Jair Bolsonaro ter dito pela manhã que o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, está “abismado” com a corrupção encontrada no banco estatal, o próprio Guimarães anunciou, ao lado dele, um prejuízo de R$ 46 bilhões no balanço do banco, segundo cálculos da atual gestão, por operações irregulares feitas entre 2004 e 2017, na administração petista.

“Pedi para todo mundo fazer uma auditoria do passado e ele falou que está abismado com o que levantou em alguns meses sobre corrupção na Caixa”, declarou o presidente a apoiadores presentes na porta do Palácio da Alvorada, pela manhã.  “Não tenho dúvida de que [se houver mudanças no governo], a chance de voltar ao que era antes é enorme”, disse Guimarães, à noite, ao lado do presidente.

Bolsonaro afirmou que está pronto um levantamento de suspeitas de irregularidades no BNDES. Foto: Adriano Machado/Reuters - 12/8/2021

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Ao divulgar o resultado do banco do segundo trimestre, Guimarães afirmou que as perdas econômicas de gestões passadas estão relacionadas a investimentos feitos por meio do Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS) ou empréstimos "mal feitos", todos já conhecidos. 

Alvo principal dos ataques foram os ex-presidente petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. As declarações acompanham semana ruim para os níveis de aprovação do governo e de perspectiva para a reeleição de Bolsonaro. Segundo pesquisa da XP Investimentos em parceria com o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), Lula ampliou neste mês a vantagem em intenções de voto sobre Bolsonaro, que, em alguns cenários, chega a 16 pontos percentuais de vantagem no primeiro turno.

O levantamento também mostrou que o governo atravessa seu pior momento de aprovação, com 54% dos brasileiros avaliando o governo como ruim ou péssimo - maior índice registrado desde o início do mandato -, e 23% como bom ou ótimo - o menor índice.

O lucro da Caixa foi de cerca de R$ 6,3 bilhões no segundo trimestre, mas, segundo Guimarães, o resultado era para ter sido de R$ 8 bilhões a R$ 9 bilhões. A diferença das cifras, disse, se dá por impactos como a redução da taxa de administração do FGTS, sob responsabilidade da Caixa. No ano, a mudança consumiu R$ 3 bilhões de lucro do banco público.

"Antigamente, esses fatores eram muito importantes. Hoje, são pouco relevantes e a Caixa consegue ter aumento de lucro a despeito da redução da taxa do FGTS e perdas econômicas com créditos e investimentos mal feitos", disse em coletiva de imprensa.

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Para gerar lucro ao banco, segundo Guimarães, é só não "roubar" e não emprestar para empresa que não vai pagar, não patrocinar times de futebol. "Eu prefiro emprestar para 500 mil microempresas, cuja inadimplência é muito menor e há uma pulverização pelo Brasil", afirmou.

"É melhor do que emprestar para duas grandes. Não há possibilidade grande de corrupção uma vez que o tíquete médio dos empréstimos é de R$ 100 mil e não de R$ 10 bilhões, R$ 15 bilhões", concluiu.

BNDES

Além das desconfianças na Caixa, Bolsonaro afirmou que já está pronto um levantamento de suspeitas de irregularidades no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Segundo o presidente, não estão sendo pagas as prestações anuais dos empréstimos internacionais.

A ofensiva sobre o BNDES é uma retórica antiga de Bolsonaro, que, durante a corrida presidencial de 2018, disse que iria “abrir a caixa preta” da instituição. Como revelou o Estadão, o banco chegou a gastar R$ 48 milhões em uma auditoria interna, mas não encontrou ilegalidades.

As supostas novas suspeitas envolvendo o BNDES serão abordadas, provavelmente, na semana que vem, durante live nas redes sociais, afirmou Bolsonaro. Ele não informou se o presidente da instituição, Gustavo Montezano, estará presente. /COLABORARAM GUSTAVO CÔRTES, PEDRO CARAMURU E DANIEL GALVÃO

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