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Bolsonaro diz que vai privatizar Correios; ministro nega

Em eventos separados, quase simultaneamente, responsável pela pasta de Ciência diz que não há planos para vender estatal

Por Mateus Vargas , Bárbara Nascimento e André Ítalo Rocha
Atualização:

BRASÍLIA E SÃO PAULO - O presidente Jair Bolsonaro e o ministro de Ciência e Tecnologia, Inovação e Comunicação, Marcos Pontes, divergiram publicamente nesta terça-feira, 6, sobre a privatização dos Correios. – estatal subordinada ao ministério.

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As falas contrárias aconteceram em um intervalo de meia hora, em eventos diferentes. O ministro disse, em audiência na Câmara, que não há “nenhum procedimento de desestatização ou privatização da empresa pública”. A declaração aconteceu por volta de 10h20. 

Já Bolsonaro, pouco antes das 11h, em evento em São Paulo, disse: “Vamos privatizar os Correios”. O presidente participava de um congresso da Fenabrave (entidade que representa concessionárias de veículo). “Paulo Guedes (ministro da Economia) vem mostrando ao Brasil que eu mudei. No passado, eu fui estatizante”, disse no evento.

'Não existe nenhum procedimento dedesestatização ou privatização', disse o ministroMarcos Pontes. Foto: GABRIELA BILO/ESTADAO

Bolsonaro defende desde a campanha a privatização dos Correios. Em junho, demitiu o general Juarez Aparecido da Paula e Cunha da presidência do órgão por “agir como sindicalista”. Para o cargo, nomeou o general Floriano Peixoto, antes ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência.

“Não existe nenhum procedimento de desestatização ou privatização para nos preocupar neste momento”, disse Pontes, na Câmara. Segundo o ministro, o que há de “determinação” é “trabalhar para que os Correios sejam sustentáveis, para que a empresa cresça”. “Não existe nada ainda que tenha a ver com desestatização.”

Pontes e o presidente dos Correios, o general Floriano Peixoto, participaram de audiência pública na Comissão de Trabalho da Câmara. A plateia era formada principalmente por trabalhadores da empresa pública.

Na audiência na Câmara, o general Peixoto também disse que não está em curso a privatização da empresa. Mas apresentou dados sobre “alternativas de desestatização”. Segundo o presidente dos Correios, uma opção seria qualificar estudos do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) para definir “cenários” sobre o modelo de privatização que poderia ser adotado. A segunda alternativa, disse, é incluir a empresa no Plano Nacional de Desestatização , o que exigiria encaminhar Proposta de Emenda à Constituição e projeto de lei ordinária ao Congresso.

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À noite, Bolsonaro e Pontes participaram de evento do Sebrae. Segundo Pontes, ao ser questionado sobre a venda da estatal, o presidente respondeu: “Está na minha cabeça, mas não significa que vai ser agora”.

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