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Bolsonaro exalta nas redes sociais BRT em Campinas que está sendo construído desde 2017

Previsão inicial era de que o BRT fosse concluído no segundo semestre de 2020, mas, após atrasos, término da construção deve acontecer até junho de 2022

Foto do author Iander Porcella
Por Iander Porcella (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA - Em uma série de publicações que tem feito nas redes sociais para destacar realizações atribuídas a seu governo, em ano eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro (PL) exaltou nesta quinta-feira, 13, uma obra inacabada em Campinas (SP). Trata-se do BRT, um sistema de transporte rápido por ônibus cuja construção iniciou em 2017 e ainda não foi concluída no município paulista.

No Facebook, Bolsonaro divulgou um vídeo da inauguração de alguns trechos do BRT, ocorrida em 30 de setembro de 2021. "O investimento do Governo do Brasil é prova do compromisso em finalizar obras inacabadas. Desenvolvimento do município e das cidades vizinhas e melhora da qualidade do serviço aos usuários", escreveu Bolsonaro.

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A previsão inicial era de que o BRT fosse concluído no segundo semestre de 2020. Em meio a atrasos nas obras, a prefeitura de Campinas chegou a determinar, em 2021, a aplicação de uma multa de R$ 10 milhões ao consórcio BRT Campinas, responsável pelo Corredor Ouro Verde, um dos três que compõem o sistema de transporte.

Com a retomada dos trabalhos em 23 de dezembro de 2021, depois de quatro meses de paralisação, a multa foi suspensa. Segundo a prefeitura, a obra está 95% concluída. A previsão agora é de término da construção até junho de 2022. No dia 29 de dezembro de 2021, o prefeito da cidade, Dário Saadi (Republicanos), assinou contrato com a Caixa Econômica Federal no valor de R$ 100 milhões, que serão utilizados para o financiamento de obras, incluindo a conclusão do BRT.

Além das obras, a licitação para a operação do sistema de transporte também ainda não foi finalizada.

Jair Bolsonaro, presidente da República; ele comemora feitos do governo nas redes sociais; entre eles, uma obra inacabada em Campinas (SP) Foto: Gabriela Biló/ Estadão

Em setembro do ano passado, na data do vídeo publicado por Bolsonaro, houve a inauguração de trechos dos outros dois corredores do BRT: Campo Grande e Perimetral. Participaram do evento os ministros do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, e da Cidadania, João Roma, além do vice-prefeito de Campinas, Wanderley de Almeida. Saadi estava afastado por ter contraído covid-19 à época.

De acordo com a Prefeitura de Campinas, os três corredores do BRT somam 36,6 km, 36 estações, 18 pontes e viadutos e sete terminais. A administração estima que 450 mil pessoas serão beneficiadas. O custo inicial contratado da obra foi de R$ 451,5 milhões.

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A reportagem procurou a Secretaria de Comunicação (Secom) e indagou por que Bolsonaro não mencionou em sua publicação nas redes sociais que a obra ainda não foi concluída e se o presidente adotará uma estratégia de divulgar, em ano eleitoral, ações atribuídas a seu governo, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.

Estratégia

Em baixa nas pesquisas eleitorais e com dificuldade para se defender de críticas na internet, Bolsonaro tem usado as redes sociais para divulgar ações atribuídas ao governo. Nesta quarta-feira, 12, por exemplo, destacou que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu 141,6 kg de cocaína em Alto Garças (MT). Um dia antes, havia publicado um vídeo sobre a “legalização” de catadores pela Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp).

Nas últimas semanas, o presidente também divulgou na internet ações de regularização fundiária e a realização de diversas obras pelo País. Enquanto isso, foi fortemente criticado nas redes sociais por não ter interrompido sua folga em São Francisco do Sul (SC) para sobrevoar regiões da Bahia atingidas por enchentes.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

De acordo com pesquisa divulgada em 30 de dezembro pelo Modalmais em parceria com a AP Exata, a postura do governante gerou um aumento abrupto das menções negativas a ele nas redes, que chegaram a ultrapassar os 70% no Twitter entre a última semana de 2021 e começo de 2022. Um novo levantamento, de 7 de janeiro, mostrou que nem a internação de Bolsonaro no Hospital Vila Nova Star, na capital paulista, no dia 3, com obstrução intestinal, foi suficiente para reverter sua imagem negativa na internet.

Recentemente, Bolsonaro também foi criticado por adversários nas redes sociais por causa da inflação, que encerrou 2021 em 10,06%, acima do teto da meta estabelecida pelo Banco Central (BC). Durante uma entrevista nesta semana, chegou a usar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2015, durante o governo Dilma Rousseff, de 10,76%, para minimizar a aceleração inflacionária do ano passado. "Se eu não me engano, em 2014, 2015, a inflação foi de 10% também”, disse o presidente.