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Bolsonaro é aconselhado a manter presidente da Petrobras para não fazer troca 'sem efeito algum'

Presidente tem questionado lucro da estatal e disse que, em seu governo, 'todo mundo pode ser trocado'

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Por Adriana Fernandes
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro vem sendo aconselhado pelos principais ministros a manter o general Joaquim Silva e Luna à frente da Petrobras para não fazer uma troca "sem efeito algum", já que o eventual substituto não teria autonomia para mudar a política de preços da petroleira.

A Petrobras pratica a chamada paridade de preços, ou seja, paga pelo produto o preço cobrado no mercado internacional e, por isso, repassa eventuais altas para refinarias, o que leva ao aumento de preços para o consumidor final.

General Joaquim Silva e Luna, presidente da Petrobras; Bolsonaro tem criticado a estatal Foto: André Dusek/Estadão

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No sábado, ao ser questionado se Silva e Luna ficaria na presidência da estatal, Bolsonaro afirmou que, em seu governo, "todo mundo pode ser trocado". Ministros, no entanto, alertaram o presidente que a saída do general só geraria ruídos e seria inócua para a redução do preço dos combustíveis nas bombas. Nas palavras de um ministro, seria o mesmo que trocar o seis por meia dúzia.

Bolsonaro ficou chateado com Silva e Luna pelo 'timing' no anúncio do mega-aumento dos combustíveis. Na quinta-feira, 10, diante do aumento na cotação do petróleo no mercado internacional, reflexo da guerra na Ucrânia, a Petrobras anunciou reajuste de 18,8% para a gasolina e de 24,9% para o diesel.

No dia seguinte, o Congresso aprovou e Bolsonaro sancionou um projeto que faz alterações na tributação sobre os combustíveis para tentar aliviar a alta de preços. Para Bolsonaro, o impacto da aprovação do projeto foi "mitigado" porque a Petrobras fez o anúncio do mega-aumento antes.

"Olha só, eu tenho uma política de não interferir. Sabemos das obrigações legais da Petrobras e, para mim, particularmente falando, é um lucro absurdo que a Petrobras tem num momento atípico no mundo. Então, não é uma questão apenas interna nossa", disse Bolsonaro, no sábado. "Então, falar que eu estou satisfeito com o reajuste? Não estou satisfeito com o reajuste, mas não vou interferir no mercado", completou o presidente.

Silva e Luna tem o apoio dos militares. Na segunda, 14, o vice-presidente Hamilton Mourão saiu em defesa do presidente da Petrobras e criticou a possibilidade de intervenção nos preços dos combustíveis. Mourão disse que Silva e Luna "é resiliente, sempre foi" e que, "como um bom nordestino, aguenta pressão".

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