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Bom momento do País leva a aumento da classe C, diz professor

Para Edson Crescitelli, da FEA-USP, crescimento da classe média aumenta poder de compra da população

Por Giuliana Vallone
Atualização:

O crescimento da classe média brasileira está diretamente relacionado ao bom momento econômico vivido pelo País e aumenta em muito o poder de compra da população. A avaliação é do professor da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo, Edson Crescitelli.   Veja também:  Classe média já é mais de metade da população ativa do País  Ouça a entrevista com o professor Edson Crescitelli    Nesta terça-feira, 5, a Fundação Getúlio Vargas divulgou estudo em que mostra que a participação da classe C na População Economicamente Ativa do Brasil cresceu de 44,19% para 51,89% nos últimos seis anos, ou seja, ela representa, atualmente, pouco mais de metade da população brasileira.   "Esse crescimento foi basicamente causado por uma melhora na distribuição de renda" no País, disse Crescitelli. Essa melhora "está atrelada a um bom momento econômico, que gera mais emprego, mais salários."   Além disso, de acordo com ele, a facilidade de acesso ao crédito também acaba colocando mais dinheiro nas mãos dessas pessoas. "A facilidade de crédito também ajuda na melhoria das condições" de vida, afirmou.   O professor explicou que, como a classe C é muito numerosa, um pequeno aumento de poder aquisitivo entre seus componentes "representa um aumento de mercado potencial muito grande". "Qualquer aumento de renda nesta categoria obviamente tem uma repercussão muito grande para vários mercados, vários tipos de produto, consumo interno", disse.   A melhora na distribuição de renda, segundo ele, aumenta bastante o poder de compra da população. Para exemplificar, Crescitelli explicou que, se uma pessoa tem R$ 100 (por exemplo), ela vai usar esse dinheiro para comer duas vezes por dia. "Ela não vai comer mais que isso, pois as pessoas têm um limite de consumo", disse. Mas se essa quantia for dividida entre dez pessoas, são dez indivíduos comendo duas vezes por dia. "Ou seja, esse mesmo dinheiro tem um potencial de consumo maior, porque está mais distribuído. Isso acaba provocando um bom aumento na demanda interna de vários produtos", explicou.   Questionado se esse crescimento na classe C e, conseqüentemente na demanda interna, não pode gerar inflação para o País, Crescitelli afirmou que, esse fator, sozinho, não. "Isso para gerar inflação deveria ter outros fatores combinados, ele isoladamente não tem esse potencial", disse.   "Se esse crescimento for consistente, regular e gradual, o País - a indústria, o comércio, toda a cadeira produtiva - tem condições de se preparar para atender a essa demanda", continuou. "Se ele for consistente, a tempo de toda a cadeia se preparar pra isso, ele pode levar a gente a um outro patamar de desenvolvimento econômico."

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