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Boneco participa de protesto na GM

Em tamanho real e de jaleco, boneco simboliza 'trabalhador que quer o emprego de volta'

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Um boneco em tamanho natural, parecido com o Ricardão (usado há alguns anos em cabines nas marginais da capital paulista para simular guardas de trânsito) foi integrado ao grupo de trabalhadores demitidos da General Motors que protestam em frente à fábrica, em São Caetano do Sul (SP), desde domingo.

Batizado de “Zé Demitido”, o boneco vestido com jaleco parecido ao uniforme dos funcionários da montadora foi levado ao local ontem e “representa o trabalhador que foi demitido e quer o emprego de volta”, explica Marcelo Alves Figueiredo.

Nova versão do 'Ricardão' integra protesto de trabalhadores demitidos na GM Foto: Felipe Rau/Estadão

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Funcionário da área de montagem da GM desde 2010, Figueiredo, de 31 anos, ficou em lay-off (contrato suspenso) por oito meses. Deveria retornar ao trabalho na segunda-feira, mas na semana passada foi informado da demissão, junto com cerca de 400 metalúrgicos que também estavam afastados. Outro grupo de 400 empregados teve o lay-off prorrogado até outubro.

“Se eu não for reintegrado, a situação vai se complicar”, diz Figueiredo, pai de três crianças com 3, 9 e 11 anos. A esposa também está desempregada e às vezes consegue algum bico de decoração em festas. Uma das preocupações do metalúrgico são as prestações do apartamento onde mora com a família, na Vila Ema, em São Paulo, de R$ 1,5 mil ao mês. Ele ganhava cerca de R$ 3 mil por mês na GM, que ofereceu na demissão seis salários extras, além das verbas rescisórias. “Vou fazer as contas e ver o que será possível fazer com o dinheiro, mas terei de buscar uma alternativa”.

Desde a noite de domingo, um grupo dos recém-demitidos está acampado em frente aos portões da empresa. Durante o dia, uma equipe de 20 a 30 pessoas, em média, permanece no local, onde pequenas barracas estão armadas ao longo da calçada. À noite o número de manifestantes é reduzido, mas o “Zé Demitido”, encostado a uma árvore, não abandona o posto.

“Queremos ser recebidos pela empresa para discutir uma reintegração”, afirma Fábio Gandia, funcionário que está na turma que teve o lay-off prorrogado, mas participa do protesto em apoio aos demitidos. “Há outros caminhos em vez da demissão, como o PPE (Programa de Proteção ao Emprego), lançado pelo governo”, diz. “Aliás, a GM fez as demissões no mesmo dia em que o programa era lançado (no dia 6)”. Ele calcula que os cortes passem de 500 trabalhadores, pois também foram dispensados funcionários que não estavam em lay-off. A empresa não comenta o assunto.

Gandia já foi dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, mas, na última eleição rompeu com a direção da entidade e participou de uma chapa de oposição, que perdeu o pleito. “Nosso movimento não tem apoio do sindicato”, diz.

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Preocupado. O vice-presidente do sindicato, Francisco Nunes, diz que a entidade conseguiu reintegrar de 10 a 12 trabalhadores que tinham estabilidade, mas que o grupo acampado não procurou a entidade. Afirma ainda estar “preocupado” com o futuro dos mais de mil trabalhadores que ficarão em lay-off até outubro (outros 628 já estavam afastados).

“Estamos conversando com a empresa, mas não nos deram nenhuma garantia”, diz Nunes. “A GM também não se pronunciou, até agora, sobre o PPE, que poderia ser uma alternativa”.

Amanhã, os acampados promoverão um ato às 13h30 e, no domingo, um almoço com familiares no local.

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