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Bônus do Maranhão derrubam papéis públicos

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Por Cynthia Decloedt (Broadcast)
Atualização:

Os bônus de dívida de emissores quase soberanos, como Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Caixa Econômica Federal e até o Banco do Brasil, caíram nesta quarta-feira, 24, em parte, influenciados pelo anúncio da emissão de papéis de 10 anos pelo Estado do Maranhão, que têm garantia do governo federal. A emissão de dívida estadual com garantia do Tesouro brasileiro é a segunda já realizada e deve ser seguida por várias outras, de acordo com fontes ouvidas pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. As mesmas fontes dizem que o Tesouro não tem gostado dessas operações, porque, potencialmente, "sujam" a curva de rendimento do governo."Esses papéis são estruturados, têm características mais complexas do que os bônus normais, e por isso oferecem rendimento mais alto. Se muitas dessas operações ocorrerem, esses prêmios mais elevados podem distorcer a curva brasileira e dificultar o trabalho do governo de reduzir o custo da tomada de recursos no exterior", explicou um profissional.Nesta quarta-feira, o anúncio da emissão do Estado do Maranhão trouxe venda de ativos de qualidade quase soberanos, como os papéis do BNDES e Caixa. "Os investidores estão se desfazendo desses papéis para comprar os novos bônus, que oferecem melhor remuneração e têm garantia da União", disse o profissional de uma grande corretora de títulos de dívida americana.Segundo ele, os bônus do BNDES ofereciam um prêmio de 120 pontos-base acima do bônus externo do governo brasileiro. De acordo com participantes que tiveram acesso às informações da emissão, os papéis do Maranhão preveem remuneração inicialmente de 175 pontos-base acima do rendimento do bônus soberano com vencimento em 2019.A fonte observou que, embora os bônus do Maranhão paguem um prêmio mais alto, ao mesmo tempo são, teoricamente, mais seguros, porque têm em contrato a garantia da União. "Todos sabem que os bônus da Caixa e do BNDES têm, implicitamente, garantia do governo brasileiro, mas os papéis do Maranhão têm a vantagem de terem tal garantia por escrito", disse a fonte. Os investidores preferem, portanto, comprar esse papel, acrescenta.Minas GeraisOperação semelhante à que o Maranhão está fazendo foi realizada no ano passado com o Estado de Minas Gerais, que vendeu uma dívida com a União para o Credit Suisse que foi repassada aos investidores. Dessa forma, o Estado de Minas teve o custo dessa dívida reduzido e o banco ganhou um spread entre o prêmio cobrado para adquirir os bônus do Estado e o prêmio da colocação junto ao investidor estrangeiro.Segundo outras fontes ouvidas pelo Broadcast, vários outros Estados brasileiros estruturam a mesma operação, com o fim de reduzirem o peso de sua dívida. Em entrevista concedida em abril, o secretário da Fazenda de Minas Gerais, Leonardo Mauricio Colombini Lima, disse que o custo total de tal dívida caiu de 8,18% para uma média de 4,2%, além de o pré-pagamento ter garantido um abatimento de R$ 2 bilhões da dívida.Em nota, o Estado do Maranhão disse que, com essa renegociação, haverá economia, somente neste ano, de R$ 380 milhões. A oferta de dívida do Maranhão é de US$ 662 milhões. O Bank of America Merrill Lynch está coordenando a operação, que de acordo com uma fonte, é um híbrido de private placement (colocação privada) e de uma oferta com esforços de distribuição. Segundo essa fonte, a oferta tem uma ordem inicial de mais de US$ 300 milhões. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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