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Boston: um ano melhor, mas com incertezas

Segundo o economista-chefe do BankBoston, o ano começa com perspectivas positivas para a queda dos juros no Brasil e para a retomada do crescimento econômico. Porém, o cenário externo e as eleições presidenciais serão motivos de incerteza para os investidores.

Por Agencia Estado
Atualização:

A valorização cambial dos últimos meses, a queda dos preços dos principais derivados de petróleo e a perspectiva de um novo recorde para a safra agrícola abrem espaço para um comportamento bastante favorável da inflação ao longo dos próximos meses, especialmente se comparado com os números registrados em boa parte de 2001. Tal cenário inflacionário cria condições para um relaxamento da política monetária já neste início de ano, com reflexos positivos sobre o crescimento econômico - que começa o ano ainda modesto, mas ganha velocidade a partir do segundo trimestre - e sobre as contas públicas. A melhora das contas externas se mantém, mesmo a despeito da valorização cambial mais recente. Essa melhora será ainda mais acentuada se a ainda tênue recuperação dos preços das principais "commodities" exportadas pelo país confirmar-se ao longo dos próximos meses. Para isso, porém, é fundamental que se consolide a retomada do crescimento econômico nos EUA, o que deve ocorrer mais claramente apenas a partir de meados deste semestre. Vale dizer que a recuperação americana não apenas ajuda o desempenho da balança comercial, como também o fluxo internacional de capitais para o País. Esse cenário, contudo, embora provável, está longe de poder ser visto como inexorável. A recuperação dos EUA pode demorar mais do que o previsto. A crise argentina pode voltar a afetar os preços dos ativos brasileiros, a começar pela taxa de câmbio. E há também fatores domésticos. O resultado das eleições é e continuará sendo pelos próximos nove meses uma grande incógnita. Assim, considerando-se todos os riscos de tais exercícios de previsão, o cenário mais provável para 2002 é de uma retomada gradual da trajetória mais positiva da economia brasileira iniciada em meados de 1999 e interrompida no início do ano passado por uma sucessão de choques externos e domésticos. A cautela deve continuar a ser a tônica dos agentes econômicos neste ano, embora os níveis atuais de preço dos principais ativos financeiros ainda sugiram espaços consideráveis de ganho, sobretudo para aqueles com um apetite maior de risco.

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