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Bovespa abre em baixa com China no radar

A China entrou na lista dos focos de tensão dos investidores e pressiona mercado acionário doméstico

Por Olivia Bulla
Atualização:

Como se já não bastassem os problemas internos que vêm castigando a Bovespa, combinados com o iminente fim dos estímulos monetários pelo Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, a China entra na lista dos focos de tensão dos mercados financeiros e contribui para a derrocada do mercado acionário doméstico nesta segunda-feira, 24. Com perdas superiores a 20% no acumulado do ano e ainda sem registrar um único mês de valorização em 2013, a performance local nesses seis primeiros meses caminha para a pior dos anos 2000. E, à medida que esse poço parece cada vez mais fundo, a série histórica também se mostra cada vez mais antiga. Às 10h05, o Ibovespa caía 1,40%, aos 46.397,95 pontos.

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Essa queda livre apontada para a Bolsa logo na abertura do pregão reflete o tombo da Bolsa de Xangai nesta segunda-feira, de 5,30%, na pior queda porcentual em quase quatro anos, diante das preocupações de que Pequim esteja relutante em aliviar as condições de liquidez. Em comunicado, o Banco Central chinês (PBoC) alertou para o fato de que as instituições financeiras precisam fortalecer a gestão de recursos e controlar os riscos, mas ainda sem sinalizar a necessidade de um corte na taxa de juros.

As ações das mineradoras estão entre as mais afetadas nas principais bolsas europeias, e os metais básicos lideram as perdas entre as principais commodities industriais. Esse comportamento deve atingir em cheio as ações da Vale e de outras empresas brasileiras exportadoras de matérias-primas, penalizando a performance doméstica. Ainda no horário acima, o futuro do S&P 500 cedia 0,71%, ficando praticamente incólume à melhora da atividade regional em Chicago em maio. Logo mais, às 11 horas, sai o dado sobre a produção manufatureira em Dallas neste mês. Na Europa, a Bolsa de Londres perdia 1,23% e a de Frankfurt recuava 1,05%.

Internamente, operadores não ousam arriscar um movimento de embelezamento de carteira entre os investidores nesta reta final de mês e, de quebra, de trimestre e de semestre, uma vez que as ações de mercados emergentes têm sofrido fortes perdas desde que o Federal Reserve e seu presidente, Ben Bernanke, alertaram, na semana passada, para a redução, em breve, das ações de estímulo monetários. 

Para eles, somado à esse fator estão as manifestações que eclodiram nas ruas de várias cidades brasileiras e ajudam a espantar o capital externo por acrescentarem um novo risco à conjuntura de fragilidade econômica nacional. Hoje, a presidente Dilma Rousseff recebe governadores e prefeitos em uma tentativa de dar respostas aos protestos sociais, após discursar na sexta-feira passada, 21, em cadeia nacional de rádio e televisão.

Assim, a Bolsa pode testar novos fundos, rumo aos 45 mil pontos, inicialmente, para em seguida buscar suportes mais fortes ao redor dos 43,5 mil pontos e, depois, em torno dos 42 mil pontos. Se confirmado esse agravamento na performance doméstica, a Bolsa seria negociada nos menores níveis desde abril de 2009, correndo o risco de registrar o pior início de semestre deste século, superando inclusive o deteriorado desempenho no início de 2002, quando cedeu pouco menos de 18%. 

Pode-se tratar também da maior perda para um período de três meses desde o terceiro trimestre de 2008, quando houve o colapso do Lehman Brothers e o Ibovespa cedeu 23,80%. Até a sexta-feira passada, o índice à vista tinha perdas de 16,50% neste segundo trimestre, com desvalorização de 12% em junho e queda de 22,80% em 2013.

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