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Bovespa abre o dia em queda de 4%; dólar dispara

Temores com o mercado de crédito nos Estados Unidos continuam derrubando bolsas internacionais

Por Agência Estado e Reuters
Atualização:

Os temores com o mercado de crédito nos Estados Unidos se acentuaram nesta quinta-feira, 16, derrubando bolsas, aumentando a aversão ao risco e afetando os ativos de países emergentes. Já na abertura o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) caía 4,01%, para 47.308 pontos. O índice chegou a cair 4,82% às 10h29, e estava em -4,12% às 11h12. O site da Bolsa na internet foi tão acessado durante o começo do pregão que deixou de funcionar.   Veja também: Onda de prevenção a prejuízo se abate e juro futuro sobe O sobe de desce do dólar Os efeitos da crise do setor imobiliário dos EUA Ouça a análise do comentarista Celso Ming    O dólar tinha forte alta de 2,90% na primeira hora de negócios, depois de ter disparado 4,43% nos primeiros minutos, acompanhando o agravamento da tensão no exterior em meio à crise na maior casa hipotecária dos Estados Unidos. Às 11h04, a moeda norte-americana era cotada a  R$ 2,099, com alta de 3,35%.   As crescentes incertezas com o impacto da volatilidade nascida do setor de hipotecas de alto risco (subprime) dos Estados Unidos estão derrubando as ações de instituições financeiras de diversas partes do mundo. Cresce também o temor de que essa turbulência contagie a economia global. Especulações de que o Federal Reserve poderá anunciar uma redução nos juros voltaram a ganhar corpo nos mercados.   "As condições do mercado de crédito são agora análogas a uma crise bancária secundária", disse Tim Bond, economista do Barclays Capital. "Os mercados acionários passaram a sinalizar uma desaceleração econômica global norteada por uma crise financeira em agravamento". Segundo ele, os mercados acionários parecem estar esperando um resultado muito pior para o crédito "do que os próprios mercados de crédito estão descontando".   Na Europa, os principais índices caíam em média 3%, após a forte queda de algumas bolsas asiáticas. O Euro Stoxx 50, que reúne as 50 ações mais valiosas da zona do euro, caía 2,8%, aos 4.064,6 pontos. Todos os títulos estavam em queda.   O índice FTSE 100 de Londres caía 2,7%, aos 5.945,30 pontos, abaixo dos nível de 6 mil pontos pela primeira vez desde março. O índice DAX 30 de Frankfurt estava em queda de 2,6%, para 7.249,99 pontos, o nível mais baixo dos últimos quatro meses, enquanto o CAC 40 de Paris registrava baixa de 2,7%, aos 5.295,22 pontos.   Seguindo o ritmo, as bolsas norte-americanas abriram em baixa. Às 10h41, o Dow Jones perdia 0,72%, o Nasdaq recuava 0,41% e o S&P 500 operava em -0,66%. O Federal Reserve está injetando dinheiro nos mercados desde o início da manhã. Já o Banco Central Europeu ficou de fora do mercado pelo segundo dia seguido.   Na Ásia, a história não foi diferente. As bolsas fecharam com fortes quedas e o indicador que reúne os mercados da região registrou a maior baixa diária desde os ataques contra os Estados Unidos em setembro de 2001.   O iene japonês continua sua trajetória de valorização, com os investidores demonstrando ferozmente as operações de carregamento (carry trades) financiadas pela moeda japonesa. Com isso, o dólar da Nova Zelândia, uma das principais moedas financiadas por esses carry trades, caiu 2,9% diante do iene - a queda acumulada em uma semana já ultrapassa os 14%. Em relação ao dólar a queda do dólar foi de 2,5%, a maior desde 1987.   Continuidade   Entre os analistas, a percepção dominante é de que a "correção" ainda tem fôlego para continuar e, talvez, ser ainda mais acentuada. Alguns, mais otimistas, avaliam que os preços dos ativos estão se aproximando de níveis muito atraentes, o que em determinado momento atrairá a volta das compras. Mas, pelo menos por enquanto, essa tese não tem sido corroborada pelos acontecimentos.   "Pode ocorrer em algum ponto, como vimos nas últimas semanas, sopros temporários de recuperação nos preços dos ativos, mas a direção inquestionável dos mercados neste momento é só uma: para baixo", disse um estrategista de um banco espanhol. "O problema é tentar adivinhar onde fica o fundo do poço."

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