A Bolsa de Valores de São Paulo teve mais um dia de perdas nesta sexta-feira, com sinais de falta de liquidez no mercado financeiro global, em meio a temores sobre o mercado de crédito imobiliário de risco dos Estados Unidos. No acumulado da semana, a bolsa acumulou uma queda de 0,4 por cento. Foi o segundo pregão de baixa, seguindo o movimento generalizado de vendas nas bolsas de valores. Com a elevação da temperatura nos mercados financeiros, os bancos centrais ao redor do mundo injetaram recursos no sistema financeiro procurando acalmar investidores. O Federal Reserve fez a maior atuação em quatro anos. Nesta sexta-feira, o principal indicador da bolsa paulista recuou 1,48 por cento, para 52.638 pontos. Na mínima chegou a cair 3,27 por cento. O volume financeiro ficou em 5,3 bilhões de reais, acima da média diária do ano, de 4,1 bilhões de reais. "A atuação dos bancos centrais acabou sinalizando para o mercado que tem um problema sério e que está ligado dessa vez à liquidez. Se você tem uma redução de liquidez, você pode afetar a disponibilidade de recursos dos consumidores lá na frente e afetar a economia como um todo", explicou Kelly Trentin, analista da corretora SLW. "Mas a bolsa já subiu bastante nos últimos anos. Então não dá para dizer que acabou o mundo, essa queda não é tanto assim." Desde o pico histórico de 58.124 pontos de 19 de julho, a queda é de 9,4 por cento, mas no ano a alta ainda é de 18,4 por cento e os analistas continuam projetando valorização em 2007, o que seria o quinto ano seguido de ganhos. "Ainda que a reação dos mercados à decisão dos bancos centrais tenha sido negativa em um primeiro momento, pelo fato de ser um reconhecimento da crise, a atuação do Fed e dos demais bancos centrais tende a acomodar as tensões ao longo do tempo", afirmou Maristella Ansanelli, economista-chefe do Banco Fibra. "No médio prazo, os fundamentos devem voltar a imperar." As blue chips Companhia Vale do Rio Doce e Petrobras perderam 3,25 por cento e 2,17 por cento, respectivamente. Na ponta oposta, a maior alta foi Sabesp, que divulgou na noite da véspera aumento de quase 70 por cento do lucro no segundo trimestre. Os papéis subiram 2,04 por cento.