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Bovespa cai, seguindo apreensão externa com juros dos EUA

Mesmo com movimentos técnicos no começo do pregão, Bolsa deve ser orientada por mercados internacionais

Por Patricia Lara e da Agência Estado
Atualização:

A expectativa por um corte nos juros dos Estados Unidos, que será decidido nesta terça-feira, pressiona as ações internacionais nesta segunda, refletindo no movimento do mercado brasileiro. Além disso, o início dos negócios pode ser marcado por questões técnicas orientadas pelo vencimento de opções (contratos de direito de venda ou compra de ativos), o que pode gerar movimentos isolados. Porém, o clima externo deve ser o fio condutor do dia.   Esses fatores levaram a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) a abrir o pregão em queda, cedendo 0,21% às 10h26, aos 54.556 pontos. O dólar, por sua vez, subia 0,47%, cotado a R$ 1,911.   O exercício e bloqueio dos contratos de opções sobre ações ocorrerá das 11h às 13h. Das 10h às 11h, somente bloqueio. "O mercado deve ter alguma tensão em cima dos papéis mais direcionados", comentou uma fonte, ressaltando, no entanto, que a direção deve ser definida pela rota externa.   O Fomc anuncia nesta terça uma das suas decisões mais ansiosamente esperadas dos últimos anos, tendo como pano de fundo as condições de secagem do crédito, por conta da crise do setor de hipotecas subprime. O impacto na economia real ainda é desconhecido, mas a queda do número de vagas criadas na economia norte-americana em agosto deixou o mercado pronto para uma redução da taxa básica de juros nos EUA. Mas há divergências entre agentes do mercado financeiro e analistas sobre se a redução será de 0,25 ponto porcentual ou de 0,50 ponto porcentual para dar vida nova à economia dos EUA.   Em campanha para o lançamento mundial de seu livro A Era da Turbulência, o ex-presidente do Fed Alan Greenspan concedeu inúmeras entrevistas no fim de semana, nas quais manteve um tom claramente pessimista. Ao jornal britânico The Daily Telegraph, Greenspan afirmou que o mercado imobiliário do Reino Unido está em direção a uma dolorosa correção e que as elevações recentes nos preços dos imóveis no Reino Unido são insustentáveis. Sobre os EUA, Greenspan previu que ainda há espaço para novas reduções dos preços dos imóveis.   A expectativa com o Fomc, o tom do discurso de Greenspan e a corrida bancária ao Northern Rock, na Inglaterra, dão justificativa para as bolsas caírem lá fora. Nos futuros de Nova York, o S&P 500 recuava 0,45% e o Nasdaq 100 futuro, 0,42%. Na Europa, Londres cedia 1,46%.   Bancos   Os papéis do setor bancário podem reagir a sinais de que o governo brasileiro estaria estudando algumas medidas para pressionar por reduções de tarifas, o que pode impactar o resultado financeiro das instituições.   A notícia de que o presidente do Santander, Emilio Botín, teria informado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que já estaria praticamente fechada a compra do ABN Amro não deve gerar reações representativas nas ações dos bancos nesta segunda, segundo fonte. Botín disse que, apesar de haver ainda uma proposta do banco inglês Barclays, apenas "um tsunami" impediria a concretização do negócio pelo Santander, que até já nomeou pessoal para fazer a transição, inclusive no Brasil.   Os dados de inflação divulgados pela manhã e as projeções traçadas na pesquisa Focus respaldam a decisão do Comitê de Política Monetária de sinalizar uma possível pausa no ciclo de afrouxo monetário doméstico.   A pesquisa Focus corrigiu para cima as projeções de vários índices de inflação. O IPCA para 2007 subiu de 3,99% para 4,01%. Outro levantamento, divulgado pela FGV, mostrou que IGP-10 subiu 1,47% em setembro, ante elevação de 0,64% em agosto. O índice superou o teto das estimativas das previsões dos analistas do mercado financeiro ouvidos pela Agência Estado, que esperavam uma taxa entre 0,95% e 1,45%.   Por outro lado, os analistas revisaram, na pesquisa Focus, a previsão do crescimento do PIB para 2008 de 4,40% para 4,33%, o que pode dar respaldo para defensores da continuidade do alívio monetário.

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