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Bovespa fecha em queda de 0,46%; dólar sobe até R$ 1,7140

A piora desta sexta foi causada pela deterioração de liquidez (recursos) do banco de investimento Bear Stearns

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Por Redação
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O mercado financeiro no Brasil acompanhou o agravamento da aversão a risco no exterior, causado pela deterioração de liquidez (recursos) do banco de investimento Bear Stearns, que acentuou o temor sobre novas baixas contáveis em instituições financeiras norte-americanas. O dólar comercial e as taxas de juros bateram as taxas máximas do dia, enquanto a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) acentuou a queda. No fechamento, o dólar comercial subiu 1,24%, e terminou o dia cotado a R$ 1,7140. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em baixa de 0,46%.   No mercado internacional, a moeda americana acentuou sua desvalorização acompanhando o declínio dos mercados acionários na Europa e em Wall Street. O dólar caiu ao nível recorde de 98,89 ienes, menor valor em 13 anos (desde setembro de 1995), e mais cedo também recuou abaixo da paridade com o franco-suíço pela primeira vez na história. A moeda norte-americana ainda voltou a registrar nova mínima histórica frente ao euro, que subiu até US$ 1,5690. Contra o franco-suíço, o dólar recuou a 0,9970 francos por dólar.   O aumento da aversão ao risco nesta sexta-feira teve início com a notícia de que o Bear Stearns recorrerá, por meio do JPMorgan, à janela de socorro de emergência do banco central dos Estados Unidos (Federal Reserve). O anúncio provocou queda de 45% nas ações do banco, derrubou as bolsas de Nova York e foi gatilho de nova corrida de investidores rumo à segurança dos títulos americanos. O índice Dow Jones caiu 1,60% e a Nasdaq recuou 2,26%.   Durante a tarde, a agência de classificação de risco Standard and Poor's (S&P) rebaixou o rating (classificação de risco) da instituição. Além disso, em discurso, o presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, prometeu que a instituição fará todos os esforços para amenizar os danos provocados pela onda de execuções hipotecárias.   O Bear Stearns é uma instituição que tem forte exposição ao mercado de títulos lastreados em hipotecas, e seu presidente-executivo, Alan Schwartz, disse que a posição de liquidez (recursos) do banco se deteriorou significativamente nas últimas 24 horas depois de "rumores do mercado" de que estava com problemas.   O dado sobre a inflação ao consumidor nos Estados Unidos (CPI) foi considerado positivo, mas não foi capaz de evitar a intensificação da onda de aversão ao risco. Os fantasmas de quebra de instituições estão no ar novamente e os analistas se perguntam qual será o próximo nome na berlinda.   Segundo Carl Lantz, estrategista do Credit Suisse, a notícia significa basicamente que o banco não conseguiu esperar até 27 de março para ter acesso ao novo programa de liquidez do Fed. O JPMorgan, por sua vez, tem na sua história de 209 anos a tradição de ajudar os mercados financeiros durante crises, conforme lembrou Charles Geisst, professor de finanças no Manhattan College.   Tony Crescenzi, da Miller Tabak, disse que a ação do Fed com o JPMorgan sobre o Bear Stearns relembra os dias da Grande Depressão dos anos 1930. Tabak afirmou que os bancos regionais do Fed "são autorizados, em 'circunstâncias incomuns e exigentes' e após consultas com a Diretoria, estender o crédito para um indivíduo, uma sociedade, ou uma corporação que não seja uma instituição depositária se, na visão do Federal Reserve Bank, o crédito não esteja disponível de outras fontes e a incapacidade de obter tal crédito afetaria negativamente a economia". "Tais empréstimos eram usados nos anos 1930 (...), mas não foram usados desde então".

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