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Bovespa: investimento estrangeiro negativo

Investimentos estrangeiros na Bovespa registraram saldo negativo nos primeiros dez dias do mês de R$ 434,9 milhões. Déficit de R$ 556 milhões no ano. A explicação para o saldo está em fatores que elevam o custo dos investidores, como a CPMF.

Por Agencia Estado
Atualização:

Os investimentos estrangeiros na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) registraram saldo negativo nos primeiros dez dias do mês de R$ 434,9 milhões. Com esse resultado, o saldo no ano apresenta um déficit de R$ 556 milhões. A saída de recursos da Bovespa têm sido freqüente neste ano. Apenas em junho houve saldo positivo, provocado pela operação de troca de ações da Telesp por Brazilian Depositary Receipts (BDRs) - ações da Telefônica espanhola, com sede em Madri, mas negociados em São Paulo e Nova Iorque por meio de recibos de ações. Além disso, contribuiu a oferta de recompra de ações ordinárias (ON, com direito a voto) da Telesp Celular. Ambas as operações trouxeram dólares no mercado. Depois, o saldo voltou a ficar negativo, apesar da melhora das expectativas com relação ao cenário econômico brasileiro. Um dos fatores positivos foi a troca de papéis da dívida brasileira - bradies - por bônus globais de 40 anos. Trata-se do papel com período mais longo já emitido pelo Brasil. A explicação para a saída dos dólares da Bolsa não está na falta de interesse por papéis brasileiros, mas em fatores estruturais que elevam o custo dos investidores no País, afirmam diretores de bancos e corretoras. O principal fator é a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), que leva os interessados em comprar ações brasileiras ao mercado de American Depositary Receipts (ADRs) em Nova Iorque. Os ADRs são recibos de ações brasileiras negociados em Nova Iorque. Somente neste ano, quatro empresas - VCP, Vale do Rio Doce, Embratel e Petrobras - lançaram ADRs. Há também as taxas cobradas pela Bolsa, que elevam o custo de operar no mercado local. "Para que ocorra a entrada de investimentos aqui tem de haver um barateamento no custo, começando com a CPMF, que é incompatível com a Bolsa, com mercado de capitais e com o financiamento doméstico do crescimento", afirma Marcílio Marques Moreira, consultor sênior da Merrill Lynch. "O custo aqui é dez vezes o custo de Nova Iorque", acrescenta. "Não devemos ter grandes saltos de investimento estrangeiro na Bolsa, pois só vão entrar dólares para empresas que não tenham ADR", diz André Lapponi, administrador de renda variável da Sul América Investimentos. Sucesso da Petrobras fez investidor estrangeiro vender outras ações brasileiras Neste mês, a saída foi ampliada, ironicamente, pelo sucesso da oferta de Petrobras, que fez os investidores venderem outras ações de empresas brasileiras para comprar os ADRs da estatal. A venda foi necessária, tanto para obter caixa para compra quanto para não aumentar demais a exposição de risco ao Brasil. A conclusão dos analistas é de que a saída de dólares da bolsa não reflete um menor interesse pelo País. Tanto que a maioria dos bancos internacionais - Merrill Lynch, Morgan Stanley e Chase - estão recomendando aumento de aplicações e apostam em uma valorização da Bolsa paulista entre 10% e 30% neste ano.

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