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Bovespa muda ações de carteira ?sustentável?

No novo índice de sustentabilidade divulgado pela Bolsa, empresas de aviação perdem espaço para as de energia

Por Andrea Vialli
Atualização:

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) anunciou ontem a nova carteira de ações do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). O índice reúne ações de empresas que, segundo critérios de avaliação da Bolsa, aliam preocupações socioambientais e de governança corporativa a um bom desempenho econômico. Foi a segunda revisão da carteira do índice, que passou a vigorar em dezembro de 2005 e é considerado o único com esse perfil na América Latina. A nova carteira, que entra em vigor em dezembro, vai reunir 40 ações de 32 empresas. Juntas, essas empresas têm um valor de mercado de R$ 927 bilhões. Esse montante corresponde a 39,6% da capitalização total da Bolsa, que atualmente é de R$ 2,3 trilhões. As sete novas empresas a integrar o índice são AES Tietê, Cesp, Eletrobrás, Light S/A, Sadia, WEG e Sabesp. Na contramão, oito empresas que figuravam na listagem até então foram excluídas: ALL, Gol, TAM, Celesc, Itaúsa, Localiza, Unibanco e Ultrapar. De acordo com Ricardo Nogueira, diretor de operações da Bovespa, este ano a carteira ficou mais diversificada em relação aos anos anteriores, com maior presença de setores como energia elétrica - 11 empresas, que em ativos equivalem a 13% da carteira - alimentos e papel e celulose. O peso do setor financeiro, que era de 41% do índice em 2006, caiu para 37%. "Para estar no ISE as empresas precisam realizar investimentos socioambientais e estar em dia com questões trabalhistas e de direitos do consumidor, além de serem rentáveis", diz. A saída de empresas aéreas como TAM e Gol pode ser reflexo dos problemas de infra-estrutura aérea, reconhece Nogueira. "Fatores conjunturais podem prejudicar o desempenho das empresas no decorrer do ano, o que pode comprometer sua permanência na carteira." A seleção das empresas obedece a uma análise de sustentabilidade, feita a partir de um questionário com 150 perguntas que é enviado às companhias. "Entram no índice as empresas que conseguem boa pontuação em todos os aspectos avaliados e que comprovam, por meio de documentos, a veracidade das informações", explica Mario Monzoni, coordenador do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas, que elabora o questionário. Inspirado no Dow Jones Sustainability Index (DJSI), da Bolsa de Nova York, o ISE foi criado para servir de referência nacional para os chamados fundos SRI (socially responsible investments), que privilegiam empresas com esse perfil. CRESCIMENTO Desde 2005, com a criação do ISE, esse segmento vem crescendo no País. "Os fundos com esse perfil já acumulam um patrimônio líquido de R$ 1,7 bilhão, e a tendência é de crescimento", diz Roberto González, assessor de sustentabilidade da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec). Só a família de fundos Ethical, do ABN Amro Real, acumula um patrimônio de R$ 670 milhões. Há um ano, o patrimônio de todos os fundos com esse perfil no País estava em torno de R$ 500 milhões. Um dos motivos dessa expansão é o interesse dos investidores institucionais. Este ano, os 14 maiores fundos de pensão do País, como o Valia (da Vale) e o Petros (da Petrobrás), passaram a considerar temas ligados à sustentabilidade em suas decisões de investimentos. QUEM FAZ PARTE Energia elétrica: AES Tietê, Cemig, Cesp, Coelce, Copel, CPFL, Eletrobrás, Eletropaulo, Energias do Brasil, Light e Tractebel Setor financeiro: Banco do Brasil, Bradesco e Itaú Siderurgia e Metalurgia: Acesita, Gerdau e Gerdau Metalurgia Saneamento: Sabesp Análise e Diagnósticos: Dasa Alimentos: Perdigão e Sadia Rodovias: CCR Equipamentos: WEG Transporte: Embraer e Iochpe-Maxion Papel e Celulose: Aracruz, Suzano e Votorantim Celulose e Papel Petróleo e Gás: Petrobrás Petroquímica: Braskem e Suzano Cosméticos: Natura

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