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Bovespa perde 40% em outubro e tem menor nível em 3 anos

Por ALUÍSIO ALVES
Atualização:

O temor de recessão global produziu mais um dia de estragos profundos nos mercados acionários internacionais, movimento copiado pela Bolsa de Valores de São Paulo, que emendou a quinta sessão no vermelho. Ao cair 6,5 por cento, o Ibovespa terminou a segunda-feira em 29.435 pontos, nova mínima desde outubro de 2005. Somente neste mês, o índice acumula queda de 40,6 por cento. O pregão também consolidou outra tendência recente: a de giro financeiro enxuto. O desta segunda-feira, de 3,24 bilhões de reais, foi o menor em oito semanas. As mostras de contração da economia no mundo inteiro foram mais uma vez generosas. Dentre elas, destacaram-se o índice de atividade industrial da região do Meio-Oeste dos Estados Unidos e a confiança empresarial da Alemanha, que caíram para o menor patamar desde 2003. "Além de dados muito ruins, alguns investidores podem estar se antecipando ao PIB dos Estados Unidos do terceiro trimestre, que deve vir muito ruim", disse Roberto Além, economista da gestora de recursos M2 Investimentos. O dado será divulgado na quinta-feira. O resultado foi outra avalanche de baixa nos preços de matérias-primas, com impacto instantâneo sobre as ações de empresas ligadas a esses produtos. Essa pressão arrastou o principal índice europeu de ações ao menor patamar de fechamento desde maio de 2003. Em Wall Street, o índice Dow Jones recuou 2,4 por cento. Na bolsa paulista, as blue chips figuraram entre as piores do dia. Vale desabou 8,2 por cento, para 20,24 reais. Petrobras foi ainda mais longe, ao perder 11,2 por cento, para 18,11 reais. Nem o setor financeiro conseguiu se sustentar, embora tenha resistido durante a maior parte do dia após grandes bancos divulgaram seus balanços e aparentemente conseguirem dispersar o receio de investidores em relação a perdas com derivativos. Bradesco caiu 4,35 por cento, a 19,14 reais, depois de ter reportado lucro de 1,91 bilhão de reais no terceiro trimestre, e de seu presidente-executivo, Márcio Cypriano, dizer que a instituição não opera com "derivativos exóticos". Itaú, que antecipou a divulgação do resultado do período --lucro de 1,8 bilhão de reais-- para também tentar tranquilizar os investidores, saiu-se melhor, fechando o dia estável, a 17,50 reais. "Depois de Sadia e Aracruz terem divulgado perdas com derivativos, começou uma boataria de que os bancos também poderiam ter sido afetados, medo que não se mostrou verdadeiro", disse João Augusto Frota Salles, analista sênior da consultoria RiskBank.

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