PUBLICIDADE

Bovespa quer incrementar clubes de investimento

Bolsa de Valores de São Paulo estuda parceria com a Força Sindical para atrair pequenos investidores para o mercado de capitais. O foco serão os clubes de investimento - grupos de acionistas que se reúnem para comprar e vender ações.

Por Agencia Estado
Atualização:

Na tentativa de atrair pequenos investidores para os negócios com ações, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) estuda uma parceria com a Força Sindical para incentivar que trabalhadores assalariados apliquem seus recursos no mercado de capitais. Segundo a assessoria de relações públicas da Bolsa paulista, a instituição pretende negociar com algumas empresas para que elas convertam uma determinada parcela da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) - destinada aos trabalhadores - em ações negociadas na Bolsa de Valores. Quando entrar em vigor, a campanha "Bovespa vai às fábricas" irá focar os negócios dos novos acionistas nos clubes de investimento. Esta modalidade de compra e venda de ações consiste na formação de grupos de investidores que reúnem seus recursos para negociar papéis na Bolsa. Estes clubes poderão ser formados apenas por pessoas físicas. Cada grupo não pode ter um número de participantes superior a 150. O patrimônio do grupo é dividido em cotas entre os integrantes - cada um deles não pode deter mais de 40% do total. A tarefa de regulamentar, supervisionar e fiscalizar os clubes de investimento cabe à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão federal. O responsável pela ordem de compra e venda das ações é chamado de gestor, e pode ser um dos integrantes do clube ou um corretor contratado pelo grupo. Uma corretora faz a intermediação das operações, executando as transações solicitadas pelo clube. Por este trabalho, a corretora recebe uma taxa de corretagem que varia de acordo com o valor da operação. Além da taxa de corretagem, um outro custo a ser desembolsado pelo clube caso os integrantes contratem um gestor da corretora para dirigir a carteira é a chamada taxa de administração, que hoje está situada na casa dos 4% sobre o patrimônio administrado. Caso o gestor seja um membro do próprio clube, não é preciso arcar com essa taxa. Quando os membros escolhem deixar a direção dos negócios nas mãos de uma corretora, o resultado é que se estabelece uma certa distância entre o investidor e o mercado. Por outro lado, na presença de um gestor especializado, os clientes contam com mais segurança em suas aplicações. O diretor de mercado de capitais do Bank Boston, Alberto Gaidys, diz que uma das recomendações a quem pretende ingressar em um clube de investimento é justamente ficar bastante atento à figura do gestor, porque é ele quem decide o rumo dos negócios do clube. Diferença entre clube de investimentos e fundo de ações Um fundo de ações é uma outra forma para se investir em papéis na Bovespa. Nesse tipo de aplicação, a gestão da carteira de ações não fica sob responsabilidade dos acionistas, mas sim de uma administradora de recursos profissional, geralmente ligada a uma instituição financeira. O investidor de um fundo de ações pode escolher o perfil da carteira, como um fundo setorial - formado por papéis de um setor específico. Mas a escolha dos papéis cabe ao gestor da carteira que cobrará uma taxa de administração por este trabalho. Na opinião de um dos diretores da Planner Corretora, Luiz Antônio Neves, um dos atrativos dos clubes de investimento em relação ao fundo de ações é que eles são isentos da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) na compra e venda de ações. Os fundos de ações, entre outras operações da Bolsa, ainda sofrem incidência da CPMF. Mas um projeto de lei que tramita no Congresso - já aprovado em segundo turno na Câmara dos Deputados e que segue agora para o Senado - prevê o fim desta cobrança para todo o mercado de capitais. Por outro, os fundos de ações contam com uma administração especializada, diferentemente dos clubes de investimentos nos quais a gestão dos recursos é feita por um dos participantes. Cuidados com investimentos em ações Alberto Gaidys, do Bank Boston, lembra que, tanto nos clubes investimentos como nas demais modalidades do mercado de capitais, as aplicações têm uma dose de risco elevada, em virtude da possibilidade de desvalorização dos papéis. "Quem aplica dinheiro na bolsa sempre deve ter em mente que pode sair perdendo", alerta. Investimentos em ações exigem uma ponderação cuidadosa entre risco e rentabilidade esperada. Na realidade, esse cuidado é sempre necessário, mesmo para a caderneta de poupança. Mas o risco é ainda maior em operações como as da Bolsa, que envolvem ativos de renda variável, sempre em grandes oscilações. Para fazer a ponderação, os analistas se baseiam no nível de risco (oscilação ou volatilidade) que as ações tiveram no passado e no nível de rentabilidade que se espera delas no futuro. Essas avaliações, porém, estão sujeitas a erro. Sempre é necessário lembrar que há um fator imponderável nesse tipo de previsão. No fator risco, as ações carregam dois tipos: o risco de mercado e o risco de crédito. O risco de mercado é a parte que tem origem nas oscilações macroeconômicas, que podem favorecer ou prejudicar todo o mercado, considerando que as demais variáveis fiquem constantes. Uma alta dos juros, por exemplo, prejudica todo o mercado acionário. O risco de crédito, por sua vez, é o risco que o investidor corre de a empresa emissora das ações ter problemas, como ir à falência e transformar o investimento em pó. Para reduzir o risco do investimento em ações há duas dicas. Primeiro, escolher com cuidado ações que tenham um nível de risco coerente com seu retorno esperado. Segundo, diversificar a carteira comprando diversos papéis, de preferência de setores diferentes.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.