PETROBRAS EM XEQUE
As ações da Petrobras, no centro de um suposto esquema bilionário de corrupção, não responderam pela maior queda do Ibovespa em 2014, mas certamente espelharam expectativas, frustrações, esperanças e especulações no mercado quanto a mudanças na economia e na política.
A estatal, maior empresa em receita da América Latina, fechou o ano com uma perda próxima de 38 por cento em seu valor de mercado. Suas ações preferenciais caíram 37,7 por cento e as ordinárias desvalorizaram-se 37,96 por cento.
"A situação é muito preocupante para a maior empresa do Brasil e o curto prazo continua bastante sombrio", disse o analista Marco Aurelio Barbosa, da CM Capital Markets.
As cinco maiores quedas do Ibovespa em 2014 foram Oi (-76 por cento), Rossi Residencial (-66,8 por cento), Usiminas (-64,5 por cento), CSN (-60,1 por cento) e PDG Realty (-52,5 por cento).
As maiores altas do índice foram Kroton (+63,8 por cento), Marfrig (+52,5 por cento), Gol (+44,9 por cento), Cetip (+41,1 por cento) e Lojas Americanas (+38,1 por cento).
Pesquisa Reuters a uma semana da votação do primeiro turno da eleição colocava o Ibovespa em 50 mil pontos no caso de vitória de Dilma - tanto a presidente foi confirmada para novo mandato como foram as projeções capturadas no levantamento.
ÚLTIMO PREGÃO DO ANO
Neste pregão, as ações da Petrobras mostraram alguma indefinição na primeira etapa dos negócios, chegando a trabalhar no azul, mas firmaram-se em queda após a abertura negativa em Wall Street.
O desempenho do Ibovespa no último pregão do ano foi prejudicado também pela queda de papéis de empresas de educação, com destaque para Kroton, após o governo estabelecer exigências adicionais à liberação de empréstimos no âmbito do Fies, programa para o financiamento de estudantes do ensino superior.
Como nas últimas sessões, a liquidez reduzida diante da proximidade das festas de fim de ano deixou o rumo dos negócios a mercê de fluxos específicos, sem necessariamente sugerir alguma tendência.
Cielo esteve entre os contrapesos positivos do dia, com alta de 2,36 por cento. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, acordo entre a companhia e o Banco do Brasil para uma joint venture dos negócios com cartões das duas instituições.
As preferenciais da mineradora Vale perderam fôlego e fecharam em baixa de 0,47 por cento, após darem algum suporte mais cedo diante da nova elevação dos preços do minério de ferro na China, com os preços para entrega imediata superando os 70 dólares.