14 de março de 2018 | 20h42
A gestão da BR Distribuidora, cuja principal acionista é a Petrobrás, vê um mercado de combustíveis mais equilibrado em 2018 no Brasil, com menores importações, avaliando que a política de preços de sua controladora deverá limitar as compras externas.
A empresa, líder no mercado de distribuição de combustíveis e lubrificantes no país, considera que a Petrobrás está mais agressiva ao estabelecer os preços nas refinarias, desde o fim de 2017, o que deverá reduzir o espaço para importadores menos tradicionais.
“O que muda para 2018 em relação ao que aconteceu em 2017... é que o ganho advindo da importação está bem mais reduzido. A política de preços da Petrobras tem mostrado maior agressividade de colocação dos produtos”, disse o presidente da BR Distribuidora, Ivan de Sá, em teleconferência com investidores nesta quarta-feira, 14.
As compras externas de combustíveis pelo Brasil em 2017 registraram um recorde, enquanto a petroleira estatal ainda ajustava sua política, permitindo uma participação mais forte de players no mercado local.
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Além disso, para este ano, a expectativa do mercado é de um aumento na produção de etanol, já que os preços do açúcar estão fracos.
A Petrobrás, que detém 71,25% da BR Distribuidora, afirmou ao longo do ano passado que estava empenhando esforços para recuperar o mercado de combustíveis no Brasil, e passou a realizar reajustes nas refinarias quase que diariamente.
A perda de espaço da petroleira aconteceu apesar de ela ter quase 100% da capacidade de refino do país.
Maior importadora. O diretor-executivo de Operação e Logística da BR, Alípio Ferreira, explicou que a companhia foi a que mais importou combustíveis em 2017, diante de oportunidades avistadas no mercado.
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“Elas (as importações) tiveram uma queda no fim do ano porque a Petrobrás passou a praticar margens mais estreitas em relação à paridade de importação, e o que a gente tem visto como uma política que vai ser talvez duradoura”, afirmou Ferreira
Segundo Ferreira, a BR importou algo entre 10 e 15% do seu volume de vendas em 2017 —ele não detalhou as quantidades importadas.
“O mercado com menor volume de importações é um mercado mais organizado para as distribuidoras bem estruturadas. Quando a arbitragem está muito larga, tem uma participação muito maior das importadoras que fazem isso por oportunidade, servindo principalmente aos postos de bandeira branca”, afirmou.
“Então o comportamento que se espera do mercado é que a gente venha a ver em 2018 um volume de importações mais reduzido e um mercado mais organizado para distribuidoras como a BR.”
Postos. Já o diretor-executivo de Rede de Postos, Marcelo Bragança, afirmou esperar uma recuperação de vendas de volumes de diesel e combustíveis ciclo otto (gasolina e etanol), enquanto a empresa avança em sua estratégia de crescimento da rede de postos com a bandeira BR.
Apesar da maior agressividade dos preços da Petrobrás, Bragança acredita que o mercado permanecerá bastante competitivo.
A empresa cresceu em 269 postos (líquidos), com maior concentração nos últimos meses de 2017 e, portanto, ainda está em processo de maturação nos números de volumes de vendas.
Segundo Bragança, a expectativa é que os resultados dos postos agregados no terceiro e quarto trimestre de 2017 venham em até seis meses.
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“A gente está bastante confiante de que vem crescimento a frente de volumes em função do resultados de embandeiramento (aumento da rede de postos) e também a questão (do crescimento) economia”, afirmou Bragança.
Sobre as lojas de conveniência, a empresa tem análises em andamento para identificar melhorias e espera nos próximos meses discussões no Conselho de Administração sobre modelagem “nova ou diferente” para atrair mais valor.
Dividendos. Ivan de Sá e diretores da BR Distribuidora conversaram com analistas após publicarem na terça-feira, 13, os resultados da empresa no quarto trimestre e em 2017, na primeira divulgação após a companhia abrir o seu capital em dezembro de 2017, por meio de um IPO.
A BR Distribuidora teve lucro líquido de R$ 531 milhões no quarto trimestre de 2017, alta de 921,2% ante o mesmo período do ano anterior.
O fluxo de caixa livre da BR foi de R$ 984 milhões em 2017, próximo ao lucro líquido de R$ 1,15 bilhão, o que permitirá o pagamento de R$ 1,09 bilhão em dividendos aos acionistas, o que equivale a aproximadamente 95% do lucro líquido de 2017.
O anúncio de distribuição de dividendos elevados pela BR Distribuidora ocorre enquanto sua controladora Petrobrás não o faz desde 2014, antes de a empresa lançar prejuízos bilionários por conta do atos de corrupção que envolveram a petroleira.
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Os resultados da Petrobrás de 2017 serão publicados ainda nesta semana, e ainda não há informações sobre a possibilidade de distribuição de dividendos neste ano.
O diretor-executivo Financeiro e de Relações com Investidores da BR, Rafael Grisolia, explicou que com a estrutura de capital que a BR tem hoje, considerando seu fluxo de caixa livre, a empresa “precisa manter uma política de dividendos fortes”.
A empresa terá sua assembleia geral de acionistas em 25 de abril, quando seu Conselho de Administração deverá ser renovado.
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