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Bradesco acredita que economia está recuperando a confiança

Por Agencia Estado
Atualização:

O Bradesco acredita que a economia brasileira já vive um processo de recuperação de confiança dos investidores e poderá ingressar num período de crescimento virtuoso a partir de 2003. Em entrevista a Agência Estado, o vice-presidente executivo do maior banco privado do país, Luiz Carlos Trabuco Cappi, disse que nos contatos no exterior foi possível constatar indícios concretos de que os bancos internacionais se preparam para reabrir as linhas de crédito ao país. "Os bancos estrangeiros estão interessados, pedindo informações, dialogando e isso é um bom sinal", disse. Trabuco, que participa do IV Fórum Europeu de Empresas Latino-americanas promovido pelo Latibex, disse estar otimista com a perspectiva da administração de Luiz Inácio Lula da Silva, considerando que ela será marcada pela "austeridade". Segundo ele, a alta dos juros promovida ontem pelo Banco Central foi um "remédio necessário" para conter as expectativas inflacionárias e cria um "colchão de reserva para o próximo governo reduzir os juros 2003¨. Compras O executivo garantiu que o Bradesco não está negociando neste momento a aquisição de instituição financeira no Brasil, mas está "sempre atento as oportunidades", inclusive à retomada do processo de privatização do Besc. "Já vivemos uma recuperação. Nós temos certeza que estamos num momento de reversão das expectativas negativas, já vivemos uma recuperação, a fase pior foi quando o risco Brasil ultrapassou os 2300 pontos e o dólar atingiu os quatro reais", disse Trabuco. "Naquele momento o mercado acabou exagerando numa crise que não existia nos fundamentos da economia brasileira, que são os melhores possíveis." US$ 10 bilhões Ele estima que a economia brasileira poderá crescer entre 2% e 2,5% em 2003. "Nos fizemos um estudo, que apresentei aqui em Madri, que mostra que se a economia brasileira crescer ao redor de 2,3% e o volume de exportações crescer US$ 10 bilhões no ano que vem, o Brasil criará tranquilamente 1,5 milhão de empregos", afirmou. "A retomada dessa renda é que dá a segurança de um futuro mais tranquilo para o Brasil." Segundo Trabuco, "o Brasil possui uma apólice de seguro que é o seu mercado interno, imbatível no mundo". Para ele os fundamentos macroeconômicos brasileiros, com o câmbio flutuante, com o saldo no balanço de pagamentos, com a Lei de Responsabilidade Fiscal, com o combate aos esqueletos, está criando uma infra-estrutura que criará condições para propiciar "uma decolagem na economia brasileira". Bolha Trabuco disse que, "o dólar no patamar de quatro reais era incompatível, mas acabou criando uma bolha inflacionária que não era justificada pelos fundamentos". Essa bolha "tinha que ser lancetada com a alta dos juros, que é um remédio amargo, mas necessário", afirmou. "O mal menor, diante da alta da ameaça da alta da inflação, é você ter uma taxa de juros um pouco mais aguda - que não é bom para o sistema econômico nem para a área de concessão de crédito", disse. Para ele, o aumento dos juros foi "tecnicamente" perfeito e necessário porque vai "quebrando as expectativas de um eventual movimento especulativo". Para o vice-presidente do Bradesco, a alta dos juros para 22% será suficiente para conter a alta dos preços, "pois os índices de inflação incorporaram aquela esticada do dólar a quatro reais, que já foi parcialmente revertida". Segundo ele, o dólar deve recuar um pouco mais, pois o câmbio atual "ainda embute algumas incertezas que não procedem". Confiança em Lula Trabuco disse que a alta de um ponto percentual na Selic "cria um colchão para o novo governo, pois ele já pega um juros no patamar de 22% com condições de recuo". Trabuco disse que o Bradesco está "confiante e otimista" em relação ao novo governo. "O Bradesco é um banco doméstico por excelência, a nossa opção foi pelo Brasil e isso nos faz acreditar num governo que privilegia o mercado interno", disse. Segundo ele, "o PT é um partido que se preparou para o governo, acumulando experiências em governos estaduais e municipais foram muito bem sucedidas". Ele salientou que "o plano de combate a fome e a pobreza do PT é adequado, não custa um exagero, entre R$ 5 e R$ 10 bilhões de reais, dando folga para o governo liberar o processo de reformas". Segundo ele, a reação dos investidores espanhóis a palestra hoje do economista do PT, Guido Mantega, durante o seminário do Latibex, foi positiva. "Esse compromisso do novo governo com a austeridade, com a Lei de Responsabilidade Fiscal e com a reforma da previdência tem soado quase como música para o ouvido do investidor", disse. Bancos Trabuco disse que o processo de consolidação no setor bancário brasileiro será mais limitado. "A consolidação já caminhou bastante, num processo quase darwiniano que foi uma seleção dos mais aptos", disse. "A consolidação agora será mais residual, muitos bancos estrangeiros optaram em serem bancos de nicho no Brasil, outros optaram em sair, como os portugueses, e bancos de investimentos mudaram a estratégia. A consolidado ocorrerá num ritmo mais lento". Segundo ele, o Bradesco, está atento a oportunidades, mas o foco fundamental do banco é o crescimento orgânico. "Hoje eu posso te dizer com todas as letras não estamos avaliando nenhuma aquisição", assegurou. Ele admitiu que o Bradesco poderá participar de processos de privatização de bancos estaduais. "Há o adiamento da privatização do SESC, se ele entrar no processo de venda, vamos avaliar."

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