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Bradesco e Itaú devem intensificar compra de bancos médios

Por Agencia Estado
Atualização:

Os maiores bancos privados do país - Bradesco e Itaú - tendem a acirrar a concorrência nos próximos meses avançando nas compras de bancos de porte médio e mostrando interesse nos leilões de privatização de instituições estaduais. A avaliação é do presidente de consultoria Austin Asis, Erivelto Rodrigues. O Bradesco e o Itaú são os únicos candidatos à compra do Banco do Estado do Maranhão, que terá a sala de informações encerrada em 22 de março. Em 25 de março, termina o prazo de entrega de documentos de pré-qualificação aos leilões de privatização do Banco do Estado do Piauí; Banco do Estado do Ceará e Banco do Estado de Santa Catarina. Tacada Segundo o consultor, as duas instituições privadas "estão de olho" em outros bancos que atuam com médias empresas mas a "grande tacada" seria a compra ou associação com uma instituição financeira estrangeira. Segundo Rodrigues, instituições como o espanhol BBVA devem definir este ano se pretendem continuar investindo no País, realizar associação ou passar o controle para um banco nacional. "Será um ano de definições para as instituições estrangeiras", diz Erivelto. Internacional Ao mesmo tempo instituições nacionais como o Itaú se internacionalizam. O Federal Reserve (Fed - banco central dos Estados Unidos) concedeu ao banco Itaú em 19 de fevereiro a condição de "Financial Holding Company", permitindo à instituição exercer atividades bancárias comerciais e de mercado de capitais em território norte-americano em igualdade de condições com os bancos locais. O Itaú é o primeiro banco da América Latina a ter essa classificação. Para o presidente da Engenheiros Financeiros & Consultores (EFC), Carlos Daniel Coradi, a internacionalização é um caminho inexorável para quem quiser sobreviver no mercado global. Com a presença nos Estados Unidos, o Itaú terá facilidade de captar fundos a longo prazo e "baratos", o que criará uma possibilidade - se a instituição quiser - de emprestar a longo prazo e com custo bastante atraente. "Nós ainda somos periféricos, infelizmente", afirma Coradi. Imagem O diretor do Financial Services Ratings da agência de classificação de riscos Standard & Poor´s, Daniel Araújo, diz que a competição entre os dois maiores bancos privados brasileiros está se intensificando em todos os aspectos. Ele afirma também que a internacionalização do Itaú amplia a transparência e há "ganhos de imagem". O Unibanco corre por fora focado no crédito massificado com a compra da Fininvest. O Unibanco quer disseminar o conceito de banco popular também por meio da base da Investcred, financiadora que atende os clientes do Ponto Frio, e da Credi Luiza, que concede financiamentos aos clientes do Magazine Luiza. Escala O especialista da Standard & Poor´s acredita que há uma tendência no Brasil de queda nas taxas de juros, o que faz com que os bancos de varejo procurem adquirir outras instituições para terem ganhos de escala. O presidente da ABM Consulting e professor da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo, Alberto Borges Matias, acredita que a tendência é de continuidade na queda dos juros, "pois o caixa do governo não agüenta mais pagar essas elevadas taxas no financiamento da dívida pública mobiliária". A queda nos juros leva à necessidade de ganhos de escala na concessão de crédito, afirma. Disputa forte Segundo Matias, entre os bancos estaduais, a disputa mais forte deverá ocorrer pelo Banco do Estado de Santa Catarina. Estudo realizado pela consultoria Austin Asis demonstra que o indicador preço pago em relação ao patrimônio tem declinado de um recorde de 4,3 oferecido pelo Santander pela aquisição do Banespa (R$ 7,05 bilhões em novembro de 2000) para 1,5 vez pago pelo Bradesco na aquisição do Banco Mercantil de São Paulo (R$ 1,372 bilhão em janeiro de 2002); do Banco do Estado do Amazonas (R$ 183 milhões em janeiro de 2002) e do Banco Cidade (R$ 366 milhões nesta semana). O Itaú pagou um preço em relação ao patrimônio de 3,8 vezes para a aquisição do Banestado (R$ 1,625 bilhão em outubro de 2000); 3,3 vezes ao comprar o Sudameris (R$ 4 bilhões em dezembro de 2001) e 3,9 ao comprar o Banco do Estado de Goiás (R$ 665 milhões) em leilão de privatização em dezembro de 2001. Reação O consultor observa que a cada compra de banco pelo Itaú há uma reação do Bradesco na busca da manutenção da liderança do setor privado. O Bradesco anunciou nesta semana a compra do Banco Cidade. Esta foi a quinta operação de aquisição anunciada pelo Bradesco neste ano. Além do Banco Cidade, o Bradesco adquiriu o Banco Mercantil de São Paulo; o BEA (Banco do Estado do Amazonas); a área de gestão de recursos do Deutsche Bank Investimentos -Asset Management e fechou parceria com a Ford Credit para operações de financiamento e leasing de veículos.

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