PUBLICIDADE

Bradesco questiona compras feitas pelo Banco do Brasil

Para Márcio Cypriano, processo de incorporação tem falhas e seria necessária uma concorrência pública

Por Silvia Fregoni
Atualização:

O presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, disse ontem que o banco está colhendo pareceres jurídicos sobre o processo de incorporação de instituições financeiras públicas pelo Banco do Brasil (BB). "Essas análises têm indicado que a entrega do controle acionário dos bancos ao BB é uma privatização, já que este é uma pessoa jurídica de economia mista. Assim, seria necessária uma concorrência pública", afirmou. Cypriano disse que foi "surpreendido" com as notícias sobre as incorporações. O BB, maior instituição financeira brasileira, com controle federal, deve incorporar o Banco de Santa Catarina (Besc), o Banco do Estado do Piauí e o Banco de Brasília. O processo do Besc é o mais adiantado e já está em fase de conclusão. "Pelo preço de incorporação do Besc, nós também o compraríamos." Segundo o executivo, os pareceres mostram que a incorporação é desvantajosa para os Estados. "Se fosse realizada concorrência pública, vários bancos participariam e o preço seria maior." Diante desse cenário, Cypriano disse que o Bradesco "defenderá seus interesses". Ele não adiantou, porém, se o banco recorrerá à Justiça para impedir tais incorporações. O executivo ainda destacou que o Bradesco discute com o governo federal na Justiça a gestão da folha de pagamento dos servidores públicos de Santa Catarina. O Bradesco espera uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) para reaver a administração dos salários desses funcionários. Segundo ele, o governo de Santa Catarina fez uma licitação no fim de 2006 para a escolha do banco que administraria a folha dos servidores. O processo foi vencido pelo Bradesco, que pagou R$ 210 milhões. Também participaram da concorrência Itaú, Santander e HSBC. Logo depois, houve uma impugnação do processo pelo governo federal. A alegação foi que o banco havia sido federalizado e a folha de pagamento dos servidores é um ativo da instituição, não podendo ser licitada pelo governo estadual. O Bradesco recorreu ao STF. BANCO POSTAL Cypriano reafirmou que o banco não foi procurado pelo governo para reavaliar o contrato do Banco Postal. Ele destacou, porém, que "está sempre disponível para conversar com parceiros". O ministro das Comunicações, Hélio Costa, tem dito que pretende revisar as receitas geradas pelo Banco Postal, resultado de uma parceria entre o Bradesco e os Correios. A idéia seria renegociar o contrato com a instituição financeira e reestruturar os serviços oferecidos. Cypriano destacou que o contrato de correspondente bancário fechado com os Correios vai até 2011 e que foi feito após licitação, em 2001. O acordo envolveu pagamento de R$ 201 milhões pelo Bradesco e a remuneração pela instituição aos Correios por serviço prestado, como abertura de conta corrente.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.