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Bradesco sugere compulsório menor para reduzir spread

Por Jacqueline Farid
Atualização:

O presidente do conselho de administração do Bradesco, Lázaro de Mello Brandão, disse hoje que a queda na taxa Selic não é suficiente para a redução dos spreads bancários (diferença entre a taxa de captação de recursos e a cobrada nos empréstimos), que só poderão cair a partir de um recuo no recolhimento compulsório. "Reduzir a Selic não basta, é fundamental a queda no compulsório para reduzir o spread", afirmou. Ele não quis dizer de quanto deveria ser a redução por considerar que "não seria delicado". Lázaro Brandão, que concedeu entrevista após solenidade na Associação Comercial do Rio de Janeiro, disse que a discussão sobre spreads "deve ser vista de vários ângulos", já que enquanto taxas de empréstimos que não estão relacionados à atividade econômica e apresentam maior risco de inadimplência são mais elevadas, outras "são baixas", como as voltadas para o setor rural. Brandão disse que a retomada do crédito no Brasil ocorrerá "de forma progressiva" e afirmou que, no Bradesco, haverá um crescimento de 15% do crédito em 2009, segundo ele a metade dos 30% de expansão apurados em 2008. "O crédito não está totalmente inativo, o restabelecimento é progressivo", afirmou. Ele acredita que o Produto Interno Bruto (PIB) do País terá crescimento de 1,5% a 2% em 2009, o que considera "um número razoável, aceitável". Para ele, o Brasil está "razoavelmente bem posicionado, mas não imune" no cenário de crise internacional e a expansão esperada para o PIB "nessa fase, é um grande feito". Lázaro Brandão comentou também a redução de um ponto porcentual na taxa Selic determinada na semana passada pelo Comitê de Política Monetária (Copom). "Foi uma decisão prudente e muito apropriada. E certamente cria viés para novos cortes, acreditamos que há espaço". Indagado se os bancos vão acompanhar, nas taxas que praticam, a redução da Selic, afirmou que "certamente". Demissões na Vale Brandão disse que a Vale "tem que trabalhar com cuidado, não se precipitar" nas decisões relativas à mão de obra nesse cenário de crise. Ele disse que "por isso a empresa tem feito acordos, essas negociações com os trabalhadores são o melhor caminho". Lázaro Brandão disse que as demissões já anunciadas pela Vale foram uma "medida de rotina" da empresa, que no entanto acabaram "sendo mais duras" e sobressaindo mais nesse momento de crise. "O caminho é esse que a empresa tomou, de fazer acordos", afirmou. O Bradesco é acionista minoritário na Vale, através da Bradespar. Liderança O presidente do conselho de administração do Bradesco admitiu que a recuperação da liderança no setor bancário no País, é "difícil" no curto prazo, "mas a médio e longo prazo isso é possível". Segundo Brandão, o banco vai optar pelo crescimento orgânico e não vislumbra aquisições no momento, dentro ou fora do Brasil. "Não estamos olhando nada agora", afirmou. Ele argumentou que, ainda que tenha perdido a liderança no ranking dos bancos após a fusão do Unibanco com o Itaú, "ainda há áreas em que o Bradesco está muito bem" e citou como exemplo os depósitos à vista, a poupança e o fato de que a instituição detém, segundo ele, "25% do mercado de seguros". Lázaro Brandão acredita que o setor bancário no Brasil está "mais ou menos consolidado" e as oportunidades estão restritas aos bancos estaduais, "que o Banco do Brasil está reservando para si". Nos bancos privados, para ele, "não há muito espaço". Brandão participou hoje de almoço que iniciará preparativos para a comemoração dos 200 anos da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ). Brandão é presidente de honra da comissão dos 200 anos, que irá coordenar os eventos comemorativos relacionados à data.

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