PUBLICIDADE

Publicidade

Brascan negocia a compra da rede Plaza por cerca de R$ 1 bi

Canadenses estão perto de levar a dona dos shoppings Paulista, Higienópolis, West Plaza e Botafogo

Por Ricardo Grinbaum
Atualização:

A Brascan está negociando a compra da rede Plaza, dona dos shoppings Paulista, West Plaza e Pátio Higienópolis, em São Paulo e sócia do Vila Olímpia (em desenvolvimento, também em São Paulo) e do Botafogo, no Rio de Janeiro. Segundo pessoas próximas às empresas, as negociações estão quase concluídas. A rede Plaza, que pertence ao Grupo Malzoni, é avaliada em mais de R$ 1 bilhão. A Brascan é um grupo de investimentos canadense presente há 105 anos no Brasil. Ela capta recursos de investidores e aplica em diversos ramos de negócios. Listada na Bolsa de Toronto, como Brookfield Asset Management, a Brascan administra US$ 90 bilhões em todo o mundo. No Brasil , já foi dona da Light e atua principalmente no setor imobiliário, mineração, agricultura, geração de energia e finanças. Dona do Rio Sul, o shopping mais antigo do Rio de Janeiro, a Brascan tem outros sete empreendimentos no Brasil, concentrados no Estado de São Paulo e no Rio de Janeiro. Seu fundo de investimentos em shoppings captou recentemente mais de US$ 800 milhões - cerca de R$ 1,4 bi -para investir na expansão de sua rede no Brasil. A Brascan está perto de levar a rede Plaza depois de uma concorrência entre empresas de shoppings. Além de ser um dos maiores negócios do setor imobiliário deste ano, a venda surpreende quem conversou com o empresário Paulo Malzoni recentemente. Até pouco tempo atrás, o dono da rede Plaza costumava dizer que era "caçador e não caça". "Nenhum grupo tem dinheiro para me comprar nem eu estou à venda", disse, em uma entrevista em maio deste ano. Na época, Malzoni disse que havia vendido empresas, imóveis e até fazendas para aumentar os investimentos em shoppings. O valor do cheque da Brascan pode ter levado o empresário a mudar de idéia - ou pode ter se sentido pressionado pelo acirramento da concorrência. O principal exemplo das pressões sofridas pela rede é o West Plaza, inaugurado em 1991, como o maior e mais ambicioso shopping de São Paulo. Quem anda pelo West Plaza hoje vê várias lojas vazias, cobertas com tapumes. Um quinto das 210 lojas chegou a estar desocupado. Há dez anos sem receber investimentos, em meio a uma briga entre os sócios - Malzoni e a Fundação Cesp -, o West Plaza envelheceu e agora enfrenta a concorrência do Shopping Bourbon Pompéia, que ficará a 300 metros de distância. Em maio do ano passado, o grupo anunciou um investimento de R$ 285 milhões para reformar seus quatro shoppings e iniciar a contrução do quinto. Este ano, aumentou a verba da reforma do West Plaza, de R$ 32 milhões para R$ 92 milhões. Também foi resolvido o conflito societário no West Plaza com a venda a participação da Funcesp para um fundo de investimentos do Brazilian Capital. Conhecido pelo seu temperamento forte, Malzoni é um empresário tradicional de São Paulo. Nos anos 70, foi sócio do grupo holandês Vendex, que foi dono no Brasil da Sears, Ultralar, Dillard?s, Bob?s e Drogasil. Casado com Ruth Fontana - da família que controla a Sadia - Malzoni é dono de um dos melhores campos de golfe do Brasil, em Itatiba, em São Paulo, que já recebeu a visita do ex-presidente americano, Bill Clinton. CONCORRÊNCIA Segundo um empresário de shoppings, o problema da rede Plaza é que estava no meio do caminho - não era um empreendimento isolado, preservado da concorrência, nem uma grande rede com capital para enfrentar os grupos mais capitalizados. Nos últimos dois anos, o setor recebeu uma onda de investimentos. Grandes grupos nacionais e estrangeiros apostam que as empresas estão baratas e que haverá uma explosão de consumo no País. Capitalizados com a venda de ações na Bolsa de Valores ou com investimentos de grupos estrangeiros, as maiores empresas começaram uma corrida para comprar os rivais e crescer rapidamente. Para um importante empresário do setor, é provável que sobrem quatro ou cinco grandes grupos no País. Entre eles, diz ele, podem estar a BR Malls, o Iguatemi, a Multiplan, o português Sonae Sierra, a Ancar ou a Brascan. A Brascan se dispôs a pagar um preço alto para ter acesso aos principais mercados do País. Presente no interior de São Paulo, a Brascan é dona apenas do Century Plaza, um empreendimento relativamente modesto, na capital. Já os shoppings de Malzoni ocupam pontos nobres da cidade. Procurado, o Grupo Malzoni não confirmou as informações. Nenhum porta-voz do Brascan foi encontrado para dar declarações.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.