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Brasil abre 58,8 mil vagas formais em maio, pior desempenho para o mês em 22 anos

Por LUCIANA OTONI
Atualização:

O Brasil abriu 58.836 vagas formais de trabalho no mês passado, no pior desempenho para meses de maio em 22 anos e bem abaixo do esperado, impactado pela demissão líquida de quase 30 mil trabalhadores na indústria da transformação. O resultado reforça a perda de dinamismo do mercado de trabalho -- uma das âncoras do governo da presidente Dilma Rousseff, que disputa a reeleição em outubro--, em meio ao baixo crescimento da economia. No acumulado do ano até maio, a contratação líquida de trabalhadores formais caiu 18,8 por cento em relação ao mesmo período do ano passado, para 543.231 vagas, de acordo com dados com ajustes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho nesta terça-feira. "A economia cresce pouco há muito tempo e por isso o Caged tem piorado sistematicamente. E como cenário à frente é de crescimento ainda mais baixo, a oferta de emprego no mercado vai continuar mostrando sinais ruins", disse o economista da consultoria Opus Gestão de Recursos e professor da PUC do Rio de Janeiro, José Márcio Camargo. Para o economista, essa perda de dinamismo vai provocar aumento da taxa de desemprego no país e afetará a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff. O ministro do Trabalho, contudo, destacou que até o momento no governo da presidente Dilma foram gerados 5 milhões de postos de trabalho. "Mantivemos uma ótima média mensal de 123 mil empregos", disse Manoel Dias em entrevista de divulgação dos dados. O resultado de maio veio bem abaixo da estimativa de analistas de mercado, que esperavam a abertura de 93 mil vagas no mês passado, de acordo com pesquisa Reuters. Em abril, haviam sido criados 105.384 postos com carteira assinada, sem ajuste. A geração de vagas do mês passado é a mais baixa para meses de maio desde 1992, quando foram criados 21.533 postos de trabalho. O desempenho ruim foi fortemente influenciado por elevadas demissões na indústria da transformação, que registrou o desligamento líquido de 28.533 operários. Dos 12 ramos da indústria, apenas a indústria química registrou aumento do emprego. Em igual mês de 2013, a indústria da transformação havia registrado admissão líquida de 15.754 pessoas. "Não esperávamos essa queda no setor industrial", afirmou o ministro Manoel Dias. Outros setores também mostram performance fraca em maio. No comércio houve demissão líquida de 825 empregados, enquanto a construção civil contratou liquidamente apenas 2.692 pessoas. Já a agricultura abriu 44.105 novos postos, enquanto serviços abriu 38.814 vagas. Mesmo com a queda no ritmo de crescimento do emprego formal, a taxa de desemprego no país continua em níveis baixos, em parte por conta da menor procura por vagas de trabalho. Depois de crescer 2,5 por cento em 2013, as projeções de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano rondam 1 por cento, ainda mais num cenário de inflação perto do teto da meta oficial, de 4,5 por cento com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.

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